11 mar, 2024 - 10:04 • Sérgio Costa , André Rodrigues , Olímpia Mairos
A ex-ministra e deputada do Partido Socialista Alexandra Leitão entende que “seria irresponsável para a democracia se o Partido Socialista se confundisse com AD”, assinalando que “aquilo que é importante para a democracia é que haja uma alternância entre dois projetos, projetos com soluções muito diferentes para o país”.
“Seria muito mau para a democracia se o Partido Socialista, agora, se transformasse na muleta da AD no Governo”, reforça, acrescentando que é preciso “haver uma alternância e, naturalmente, é isso que o Partido Socialista assegurará com a sua visão diferente, com o seu projeto, com o seu programa eleitoral diferente, e é isso que a democracia exige”.
No debate, na Renascença, com Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD, a ex-ministra socialista argumenta ainda que “a AD quer seguir o seu programa e tem esse direito”, e, por isso, “não pode, agora, pedir-se ao PS que sufrague esse programa”.
Já quanto ao Chega, a socialista admite que o partido de André Ventura tenha ido buscar votos a todos os lados, realçando que “há uma vitória da direita nestas eleições e que, no fundo, o catalisador principal dessa vitória não foi AD”.
Já Miguel Pinto Luz garante que o “não é não”, admite esforços para compromissos ao centro e afirma ser razoável que o PS não se pronuncie sobre o que fará com Orçamento do Estado.
“É isso que a democracia exige, exige responsabilidade de todos aqueles que são eleitos e por isso todos os partidos que compõem AD, que agora tem a legítima expectativa de verem ser indigitado o doutor Luís Montenegro para primeiro-ministro, e vimos ontem o doutor Pedro Nuno Santos também a afirmar que não inviabilizará esse governo, é natural e obrigação também de um partido como o PSD, CDS poderem encontrar essas plataformas de entendimento no Parlamento para poderem governar”, diz.
Pinto Luz afirma ser “razoável que o Partido Socialista, a esta distância, não possa afirmar, se viabiliza ou não viabiliza um orçamento”.
“Seria, isso sim, um mau serviço à democracia se nós estivéssemos a sancionar um documento o qual não se conhece”, acrescenta.
Miguel Pinto Luz reafirma a posição expressa pelo líder da Aliança Democrática sobre eventuais acordos com o Chega.
Perante a expressão eleitoral do partido de André Ventura - que alcançou um resultado histórico ao eleger 48 deputados, o vice-presidente do PSD sublinha que esse cenário tem de ser alvo de uma profunda reflexão por parte dos principais partidos.
“O não é não. Ontem essa pergunta foi feita quatro vezes. O Chega já todos percebemos que não são votos somente do PSD, são votos do Partido Socialista, são do Bloco, são do PC e foi interessante ontem Pedro Nuno Santos afirmar isso”, diz.
Miguel Pinto Luz assinala que “aqueles 18%, aquele mais de um milhão de portugueses não são todos fascistas, não são todos xenófobos e, portanto, há ali um descontentamento que nós, políticos temos uma obrigação de olhar, os dois grandes partidos da democracia que hoje não conseguem uma maioria para alteração, por exemplo, de uma revisão constitucional pela primeira vez na história, têm uma obrigação de pensar e refletir sobre estes resultados”.