10 mar, 2024 - 22:57 • Daniela Espírito Santo
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Marta Temido participou, este domingo, na emissão especial da Renascença para acompanhar a noite eleitoral. Ao avaliar as primeiras projeções do serão, a antiga ministra da Saúde admitiu que, perante o expectável crescimento da direita, é importante "fazer nas próximas horas, nos próximos dias", uma análise para perceber "o que terá falhado" para que os resultados eleitorais tenham ficado "aquém do que se esperava".
"A confirmarem-se estes resultados é importante ter a humildade para reconhecer erros e perceber o que falhou", diz a socialista.
Temido vaticina um "governo minoritário da AD" e diz que, se tal cenário se colocar, o PS irá assumir o seu "papel na oposição, que é um papel igualmente importante na democracia".
Marta Temido rejeita o papel que o seu partido, enquanto Governo, possa ter tido no crescimento do Chega. "É comum dizer-se que o Chega se alimenta das falhas do sistema, dos serviços públicos. Se assim fosse, e considerando os países nórdicos - que têm serviços públicos mais robustos -, não teríamos um crescimento da extrema direita", defende.
Para a antiga ministra socialista, estes partidos "aproveitam-se de todas as fragilidades que sentem à sua volta. Não interessa de que natureza sejam. A sua estratégia é exatamente essa: minar, minar, minar".
Marta Temido acredita que o "cenário com o qual nos confrontamos" nesta noite eleitoral, com uma "terceira força política que emerge" acontece num contexto europeu, onde vários partidos "mais radicalizados vieram para ficar".
"Portugal já não é a exceção". Estamos perante a "capitalização do descontentamento", defende Marta Temido, onde as "falhas do sistema democrático estão a ser aproveitadas".
David Justino lamenta que, em Portugal, haja "défi(...)
Perante tal cenário, os partidos têm de fazer, entende, "uma reflexão muito profunda no que estão a falhar".
Quanto àquilo que separa PS e Chega enquanto partidos da oposição, Temido não tem dúvidas: "são oposições totalmente diferentes".
"O Chega faria sempre oposição. A oposição de um partido democrático é uma oposição que se quer credível", diz, salientando que não é possível comparar porque há partidos "que se alimentam do radicalismo".
Aliás, Temido relembrou que o PS "sempre tentou não votar favoravelmente alguma proposta do Chega" e assegura que, no que for mais importante, isso vai continuar a acontecer.
Para Marta Temido, qualquer que seja a formação do próximo Governo, "os problemas que o país enfrenta" e o "contexto internacional" não lhe irão facilitar a vida.
"Não tenhamos dúvidas de que o atual contexto de governação é extraordinariamente difícil para quem quer que seja", admite.
"Ser oposição será certamente difícil mas ser Governo será muito mais difícil...como, de resto, tem sido", remata a ex-ministra.