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Paulo Raimundo: "Resultado da CDU é desenvolvimento negativo, mas tem expressão de resistência"

10 mar, 2024 - 23:26 • Marta Pedreira Mixão

Coligação formada por PCP e Verdes perdeu deputados nas eleições legislativas deste domingo.

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O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou, esta noite, que o resultado obtido pela AD "constitui um fator negativo para a resposta e para a solução de problemas com que os trabalhadores e o povo se confrontam, facilitando o caminho de retrocesso e de ataques a direitos e favorecimento do grande capital". Paulo Raimundo salientou ainda que tal potencia "riscos sérios de empobrecimento democrático já latentes".

"O resultado da CDU, com a redução da sua representação parlamentar e uma percentagem abaixo do que alcançámos há dois anos, significa um desenvolvimento negativo, mas não deixa de constituir uma importante expressão de resistência, com tanto mais valor e significado quando a sua construção teve de enfrentar o prolongado enquadramento caracterizado pela hostilidade e menorização, pela prolongada falsificação de posicionamentos do PCP para alimentar preconceitos anticomunistas e estreitar o seu espaço de crescimento", justificou, referindo ainda que a "promoção de forças reacionárias e uma forjada disputa entre de dois candidatos a primeiro-ministro" condicionaram as escolhas do eleitorado.

"O resultado agora obtido pela AD, a confirmar-se, é inseparável das ações da governação do PS", defendeu, acrescentando que a "promoção da política de direita ao longo destes últimos anos" favoreceu "o discurso demagógico" de partidos como o Chega.

O secretário-geral do PCP afirmou também que o programa da AD "constitui um ataque aos direitos dos trabalhadores, aos salários, às pensões e às condições dos serviços públicos".

Paulo Raimundo voltou a repetir que “mais duas semanas e isto piava de outra maneira”, considerando que o partido enfrentou uma campanha onde nos procuraram sempre mandar para baixo. Partiram do princípio que não íamos ter representação parlamentar”.

"Aqui estamos com a força que o povo nos deu, na primeira linha de combate, desde logo no combate à política de direita, à direita, para procurar soluções para os salários, para habitação, para a saúde", afirmou, relembrando que continua a existir “um longo caminho para percorrer” e sem fechar a porta a uma convergência à esquerda.

“Contem-se os votos, apurem-se os resultados finais e vejam-se os deputados eleitos. Depois, no fim, a gente logo conversa. Os deputados que a CDU elegeu e os votos que teve vão servir para ser a primeira linha de combate à direita”.

Questionado pelos jornalistas, Paulo Raimundo rejeita que haja uma transferência de votos do PCP para o Chega, em distritos como Beja: "Afirmei e volto a afirmar, não há nenhuma possibilidade de haver transferência dos nossos votos para o Chega", justificando que, em Beja, a CDU "aguentou" os votos.

“Houve milhares e milhares de pessoas que foram arrastadas por um voto, pensando que dali vai sair alguma solução para as suas vidas e vão constatar que dali não sairá nenhuma solução. Uns voltarão, outros sairão daquele voto, não tenho nenhuma dúvida sobre isso. Já vimos este filme. Há uma parte das pessoas que votou a pensar na solução para os seus problemas e que depositou os votos em forças que não lhes vão resolver nenhum problema, pelo contrário. Vão agravar todos os problemas e este é que é o desafio que temos pela frente”, respondeu.

"Afirmamos nesta campanha a força de palavra, a força de dignidade a força de confiança", afirmou Paulo Raimundo, numa intervenção realizada num hotel junto à sede do PCP, em Lisboa, deixando ainda uma palavra aos jovens que participaram na campanha e relembrou que "os trabalhadores e o povo podem contar com a CDU".

Com mais de 99% dos resultados apurados nas eleições legislativas deste domingo, a CDU contabiliza 3,3% dos votos, tendo assegurado a eleição de três deputados para a Assembleia da República: Paula Santos, por Setúbal, Alfredo Maia pelo Porto e Paulo Raimundo, de 46 anos, que foi eleito pela primeira vez deputado à Assembleia da República, pelo círculo eleitoral de Lisboa.

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