13 mar, 2024 - 20:04 • Lusa
O líder parlamentar da Iniciativa (IL) considera uma "tentativa de prova de vida" do PCP o anúncio da apresentação de uma moção de rejeição do programa de Governo da AD, defendendo ser precipitado.
Em declarações aos jornalistas no parlamento sobre o anúncio feito esta quarta-feira pelo secretário-geral comunista, Paulo Raimundo, o liberal Rodrigo Saraiva sublinhou que "ainda não são conhecidos os resultados eleitorais porque faltam os círculos da Europa e Fora da Europa", nem há data de tomada de posse do parlamento, além de ainda não haver um primeiro-ministro indigitado nem um programa de Governo conhecido.
"Não há muito mais para dizer sobre uma moção de rejeição a algo que não se conhece. É algo que certamente parece uma tentativa de prova de vida do partido que o anunciou, talvez numa corrida de sobrevivência e de concorrência com outros partidos que estão mais próximos deles próprios", criticou.
A IL, de acordo com o seu líder parlamentar, vai "aguardar com toda a serenidade todo este "timing"" do processo eleitoral "em respeito por aquilo que são os prazos constitucionais e os processos que estão a decorrer".
"Para nós há todo um processo a decorrer e teremos que aguardar. Parece-nos que sim, que é precipitado", respondeu aos jornalistas.
Sobre eventuais contactos entre IL e PSD para acordos no âmbito da formação do governo da AD, Rodrigo Saraiva escusou-se a dar uma resposta, referindo que é líder parlamentar desta legislatura e que "os únicos contactos" que tem com o PSD são com o líder parlamentar social-democrata.
"Falámos hoje porque tivemos conferência de líderes. Nada mais sei que possa ajudar a responder a essa perguntar", referiu.
O secretário-geral do PCP anunciou esta quarta-feira que o partido vai apresentar uma moção de rejeição do programa de Governo da AD, comprometendo-se a ser "a oposição" à política de direita e a combatê-la "desde o primeiro minuto".
Em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa, Paulo Raimundo salientou que o partido irá dar, "desde o primeiro minuto, combate à política de direita e aos projetos reacionários que se procuram afirmar e vai fazê-lo utilizando todos os meios ao seu dispor para esse combate".
"Não será pelo PCP que o projeto da direita será implementado", garantiu.
Questionado se o partido admite apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da AD, o líder comunista respondeu: "Com toda a clareza digo que sim".
Na noite eleitoral, o secretário-geral do PS afirmou que os socialistas viabilizam um Governo minoritário da AD, não votando qualquer moção de rejeição a esse executivo, mas frisou que irá liderar a oposição e não o suportará no parlamento.
A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar como já está a fazer, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.