18 mar, 2024 - 18:10 • Tomás Anjinho Chagas , Ana Kotowicz
O Presidente da República "desmentiu categoricamente" que tivesse "preferência de que o Chega não estivesse no Governo", contrariando notícias que vieram a público. São declarações do líder do Chega à saída da reunião com o Presidente da República, que tem recebido os partidos que elegeram deputados nas legislativas de 10 de março.
Ventura afirmou que Marcelo não é contra a presença do Chega no Governo, uma questão que o partido quis clarificar neste encontro. Questionado sobre o presidente do Chega, Marcelo terá respondido que a notícia em causa, que dava conta de que o Presidente da República não era favorável a um executivo de coligação da AD com o Chega, "não transmite a posição dele, como não foi ele que transmitiu essa notícia", acrescentou Ventura, referindo-se a um artigo "plantado num jornal a dois dias das eleições".
As palavras exatas de Marcelo, acabou por dizer o presidente do Chega foram: "Não fazia nenhum sentido, quem escolhe é o povo."
Admitindo que "não há" neste momento qualquer acordo com o PSD para uma solução de Governo, André Ventura volta a colocar a responsabilidade do lado da Aliança Democrática.
"Eu tentarei até ao fim chegar a um entendimento. Luís Montenegro pode reunir-se com quem entender, isso não fará uma maioria na Assembleia da República. Para haver é preciso o Chega e o PSD", frisou André Ventura.
E logo depois, clarifica: "Se essa solução não vier a existir, não foi pela nossa parte". André Ventura vinca que os votos "não se vendem" e inverte a máxima de Luís Montenegro: "Sim é sim".
No caso de haver um governo minoritário, o líder do Chega desresponsabiliza-se pela eventual instabilidade política: "Aceitará a responsabilidade dessa minoria. Se Luís Montenegro quer precipitar o país para eleições em sete ou oito meses é uma escolha que fará".
Nesta audiência, além de André Ventura, o Chega fez-se representar por António Tânger Correa e Marta Trindade, vice-presidentes do partido, e Diogo Pacheco Amorim, adjunto da direção.
O Chefe de Estado recebeu as forças políticas por ordem crescente de representação, tendo começado pelo PAN, depois Livre, CDU, Bloco de Esquerda, Iniciativa Liberal e esta segunda-feira o Chega.
Terça-feira o PS é recebido em Belém e a derradeira audiência será com a Aliança Democrática esta quarta-feira. Será nesse dia ou na quinta-feira que Marcelo Rebelo de Sousa vai indigitar o primeiro-ministro.
Durante toda a campanha e na noite eleitoral, André Ventura pressionou o PSD a chegar a um entendimento com o Chega.
"Haverá uma maioria clara, entre o PSD e o Chega. Só um líder muito irresponsável deixará o PS governar quando temos na nossa mão a possibilidade de mudança", declarou André Ventura na noite em que o partido elegeu 48 deputados e se tornou necessário para uma solução de governo à direita.