28 mar, 2024 - 19:01 • Carlos Calaveiras , Fábio Monteiro
Luís Montenegro apresentou, esta quinta-feira, ao Presidente da República, o nome dos ministros que o vão acompanhar durante a próxima legislatura.
No entretanto, os partidos já reagiram.
O deputado Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, diz que há um “equilíbrio razoável” entre ministros políticos e independentes, mas “parece-nos demasiado grande”.
“Os jovens não precisam de Ministério, precisam é de salários mais altos, impostos mais baixos, mais casas”, refere.
Blanco acrescenta: “Precisamos de discutir as políticas e esperamos um governo de diálogo, que procure consensos”.
Por outro lado, o deputado da IL voltou a dizer que “não faria sentido [a IL] estar no governo”. Por exemplo, “o PSD não aceita circulo de compensação e defendemos corte de impostos de forma mais rápida”.
Para André Ventura, o novo Executivo tem ministros a mais. “São 17 ministérios, apenas menos um do que no anterior Governo.” E é maioritariamente composto por figuras do PSD. “Mostra uma incapacidade de ter ido à sociedade civil” recrutar.
“Luís Montenegro ficou muito aquém do que podia ter feito hoje e do mandato que tinha, dando uma ideia que quer dar estrutura de continuidade aos vários governos de António Costa”, diz.
Em particular, Ventura refere Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, e Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e Modernização. “Não são nomes vistos como grandes reformistas da política.”
Também o Livre refere a incapacidade de recrutar do PSD e do CDS. E sinaliza um erro: a fusão das pastas da Educação, Ciência e Inovação.
“Seria essencial que na primeira oportunidade os ministros e as suas equipas numa primeira oportunidade pudessem vir ao Parlamento apresentar os seus programas sectoriais”, diz o deputado Paulo Muacho.
Pelo CDS reagiu Paulo Núncio, que elogiou a composição do novo Executivo.
“É um Governo de combate, com experiência, com qualidade” que “tem uma combinação virtuosa entre políticos experientes e quadros reputados”, diz.
Núncio garante que é “um Governo reformista e ambicioso”, que quer um “pais mais próspero e mais justo”.
A ideia é cumprir o programa, “reduzir impostos das famílias e dos mais jovens. É um Governo preparado para repor humanismo e eficácia no SNS, na escola pública” e dar condições aos militares e combater à corrupção.
“O CDS regressa ao Governo pela nona vez e está “muito bem representado” com Nuno Melo, o líder do partido.
Hugo Soares, candidato a líder parlamentar do PSD, também elogiou o novo Executivo.
“O novo Governo de Portugal conjuga experiência política com a capacidade de recrutamento na sociedade civil. É um Governo que traz combate político e experiência, mas também a capacidade técnica de transformar o país”, disse.
O social-democrata destacou, em particular, o nome de três novos ministros que vêm da sociedade civil: Rita Júdice, Dalila Rodrigues e Fernando Alexandre.
Hugo Soares realçou ainda “sinal político muito relevante” de Luís Montenegro.
“A escolha de um Ministério que se chama Ministério da Juventude, um sinal político muito relevante”, disse.
O deputado António Filipe, do PCP, considera que o novo Executivo "não dá garantias" de resolver os problemas dos portugueses.
“Há submissão de Portugal à União Europeia à da NATO”, refere.
Para a resolução dos problemas nacionais, “não há muito a esperar” e, por isso, os comunistas dizem ter “grandes preocupações em relação ao futuro do SNS, da escola pública e em relação aos salários dos funcionários públicos e dos reformados”.
Mesmo os independentes “são pessoas com perfil consonante das opções políticas do PSD e do CDS”, acrescenta António Filipe.
Para a líder do PAN, Inês Sousa Real, os nomes do novo Governo representam uma “falta de ambição”.
Sousa Real destaca também o facto de Montenegro ter utilizado o questionário ministerial criado pelo Governo de António Costa.
“Tendo em conta que Montenegro foi crítico ao modelo de escrutínio, é com estranheza que vemos aplicar o mesmo inquérito. E esperávamos mais ambição”, afirma.
Para Fabian Figueiredo, do Bloco de Esquerda, o novo Executivo é “um dos governos mais à direita de sempre”.
“Não é um Governo que se preocupará em baixar o preço da casa, em resolver o problema dos hospitais fechados ou da falta de professores na escola pública, nem se preocupará inverter o facto de Portugal ser uma economia de baixos salários”, diz.
Sem referir nomes, o bloquista frisa que no Governo da AD há “figuras da área dos interesses imobiliários para a justiça, defensores dos vistos gold para a área da habitação”.
Pedro Delgado Alves, do PS, levanta dúvidas à futura estabilidade governativa.
“Trata-se de um Governo composto a partir das personalidades da AD, do PSD e do CDS. Não há um alargamento da base parlamentar, não há uma abertura que nos permita vislumbrar como Luís Montenegro pretenderá governar”, diz.
Sem comentar os nomes, o deputado do PS considerou que os nomes confirmam “o entendimento de que o Governo está fechado no seu programa eleitoral”.