08 abr, 2024 - 16:49 • Diogo Camilo
Um "arrufo de namorados" entre PS e o governo da AD. É assim que André Ventura olha para a carta enviada por Pedro Nuno Santos ao primeiro-ministro Luís Montenegro, referindo que o Partido Socialista "se meteu num beco de onde agora não consegue sair" ao formar aquilo que é, "praticamente um governo do bloco central".
Em declarações aos jornalistas durante uma visita ao sub destacamento territorial da GNR em Sintra, o presidente do Chega voltou a afirmar que o partido "não deixará de aprovar propostas que sejam positivas", mas que continuará a fazer oposição: "E a liderá-la, uma vez que o Partido Socialista decide não o fazer. A partir da tomada de posse [do Governo] ficou claro que o PSD quer que o PS seja o seu interlocutor, por isso é com ele que tem de falar", afirmou.
Ventura indicou ainda que "o tempo de dizer ao PSD que pode arrepiar caminho e sair da capa de um partido que tanto criticou" já passou. "Agora é tempo de trabalhar essa escolha para evitar que em setembro tenhamos um cenário de instabilidade. Tal como disse, espero que PS e PSD criem essas condições de convergência, para se entenderem", afirmou.
Sobre a moção de rejeição apresentada pelo PCP, o líder do Chega indicou que "não vê razão" para a aprovar: "Só podemos aprovar uma moção de rejeição quando há uma alternativa política de governo. Se o parlamento não aprovasse a investidura deste governo, qual era a alternativa que há para oferecer? Tem que se deixar PS e PSD governarem, estaremos cá para ver o que está bem ou o que está mal, e em setembro tomaremos a nossa decisão."
Em carta, PS mostrou-se disponível para construir (...)
André Ventura critica ainda a postura do PS por querer ser o "adulto na sala" com a carta em que Pedro Nuno Santos pede a Luís Montenegro um acordo para a Função Pública nos próximos 60 dias.
"Já percebeu que a AD lhe disse: 'Então vais ter de ser tu a aprovar o Orçamento do Estado'. Portanto, agora quer despachar a coisa em junho, ou julho, para não ter de aprovar o orçamento. Toda a gente percebe isso, não é preciso ser muito inteligente. Só que agora já não conseguem sair deste beco em que se encontram", considerou Ventura, que questiona "que margem tem o PS" para propor um acordo que não quis fazercom Montenegro antes das eleições.
O líder do Chega acrescenta ainda que, se houver condições para um orçamento retificativo imediato, que resolva os problemas entre professores e forças de segurança, ele "deve ser feito já", naquilo que considera ser um "arrufo de namorados políticos" entre PS e PSD.
"O governo da AD está a tentar puxar o problema para setembro para dizer: 'Nós queríamos resolver isto, mas afinal não temos condições para resolver as promessas que fizemos. Vamos resolver no Orçamento do Estado para 2025'. Ora, se o PS estava disponível para fazer isso em junho, porque não estará em setembro?", questiona.