12 abr, 2024 - 11:38 • Lusa
A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, criticou esta sexta-feira o Programa do XXIV Governo Constitucional, considerando que o documento não é ambicioso na projeção do futuro do país e tem os "olhos postos no passado".
"A ambição deste governo está noutro lado e de olhos postos no passado e, por isso, o Livre votará a favor das moções de rejeição apresentadas por PCP e BE embora não acompanhando todo os seus pressupostos e por isso apresentaremos uma declaração de voto", defendeu.
Esta posição foi assumida pela dirigente do Livre no encerramento do debate do Programa do Governo minoritário PSD/CDS, que deixou várias críticas ao documento.
"Continuaremos deste lugar da oposição a preparar o momento em que uma esquerda plural, ecologista e progressista conquiste a confiança do país para governar e para construir sim o Portugal de futuro", garantiu.
A dirigente do Livre considerou que o debate sobre o programa do Governo, que teve início na quinta-feira e termina hoje, "não foi nada ambicioso, porque se passaram muitas horas a discutir a arrogância de uns e de outros, quem tem culpa disto ou daquilo".
"Esta não é a discussão que o país precisa", alertou.
Isabel Mendes Lopes voltou a criticar o primeiro-ministro por não ter dialogado com a oposição antes de incluir 60 medidas de outros partidos neste programa de governo, levando o país "ao ridículo de um "peddy paper"" para as encontrar.
Para o Livre, o documento apresentado pelo executivo minoritário "beneficia alguns, prejudicando muitos".
Mendes Lopes criticou ainda a baixa do IRC para 15%, considerando que "num país onde é gritante a desigualdade entre quem mais tem e quem menos tem, o Governo coloca a ambição no local errado".
"Também na habitação este Governo tem a ambição no sítio errado", defendeu a dirigente, acusando o executivo de não investir em soluções públicas e "reforçar a especulação imobiliária".
Para o Livre, "o Portugal do futuro é o que se compromete a erradicar a pobreza como fenómeno estrutural". O partido lamentou também que o Governo não tenha incluído no seu programa a semana de quatro dias de trabalho.
A líder parlamentar tocou ainda na questão do reconhecimento do estado da Palestina, desafiando o executivo a fazê-lo.
"Portugal vai então finalmente reconhecer o estado da Palestina? Senhor primeiro-ministro, vai aliar-se a Pedro Sánchez para Portugal e Espanha e outros países fazerem-no de forma conjunta? É tempo de o fazer", disse, sendo aplaudida por deputados do BE e alguns do PS.