17 abr, 2024 - 15:24 • Tomás Anjinho Chagas
O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, afirma que o governo "não enganou os portugueses" em relação à descida de impostos e diz até que o executivo "reforçou a relação de confiança" com as pessoas.
"Não nos enganámos no valor, não mentimos, não fizemos de conta", sublinhou o ministro durante a tarde desta quarta-feira.
Em causa está a polémica redução do IRS, que em vez dos 1500 milhões de euros anunciados, contempla menos de 200 milhões de euros, que se juntam à redução implementada pelo anterior governo.
Pedro Duarte contradiz a oposição, diz que "este debate é um embuste" e afirma que o governo está a cumprir tudo o que prometeu: "Nunca falámos em choque fiscal, precisamente porque respeitamos o equilíbrio orçamental".
A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, acusa o governo de ter montado "um embuste" em torno da redução do IRS e lamenta a falta de comparência do primeiro-ministro, Luís Montenegro e do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.
"É um governo que utiliza da arrogância, quando diz que os outros estão todos errados e nós certos, ora se faz de vítima para mascarar a sua incompetência para governar. Mas há mais: este é um governo que - menos de duas semanas depois de tomar posse - já perdeu credibilidade e minou a sua relação de confiança com os portugueses", sublinha.
Alexandra Leitão diz que "80% da medida é do PS, 20% é do PSD".
Em resposta, o líder da bancada do PSD, Hugo Soares, desafio os socialistas a indicar onde é que o primeiro-ministro mentiu sobre o IRS.
"É capaz de dizer a este Parlamento e ao país que o primeiro-ministro disse aqui coisa diferente do que disse em campanha eleitoral e o que estava escrito na página 35 do programa de governo?", lançou Hugo Soares.
Tal como tem feito nos últimos dias, o presidente do Chega aproveitou para pressionar o governo a ser mais ambicioso na redução de impostos. Depois de distribuir críticas por todos os partidos, André Ventura afirmou que esta é uma "boa oportunidade" para anunciar maiores reduções no IRS.
"Alguma a coisa aqui não está bem", argumenta André Ventura em relação à redução de impostos na ordem dos 3 mil milhões de euros.
Já a Iniciativa Liberal afirma que o governo "perdeu uma oportunidade" para esclarecer a confusão. Rui Rocha também desafiou o executivo de Montenegro a reduzir mais os impostos.
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, considera que as bancadas da direita "falam de impostos porque não querem falar de salários". A líder da bancada comunista acredita que o governo quer "aprofundar a injustiça fiscal".
"Quiseram centrar numa suposta redução fiscal, mas nem sobre isso conseguiram dizer a verdade", critica Paula Santos, que destaca a forma como o governo prefere reduzir o IRC.
Da bancada do Bloco de Esquerda, a líder, Mariana Mortágua, reitera que o governo "mentiu" em matéria de redução de impostos e fala até num "cartão de visita do governo do PSD".
A coordenadora bloquista insiste que o verdadeiro alívio fiscal é destinado às empresas através do IRC.
Pelo CDS, o líder parlamentar, Paulo Núncio, sai em defesa do governo da AD (PSD + CDS) e afirma que Luís Montenegro disse "sempre a verdade". Ainda assim, o deputado centrista desafia o executivo a "ir mais longe" na redução de impostos.