18 abr, 2024 - 19:00 • Tomás Anjinho Chagas
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, defende que "historicamente não corre bem" incluir os extremos em soluções políticas, voltando assim a afastar acordos com o Chega.
Durante a apresentação do seu livro na Fundação Calouste Gulbenkian, em conversa com o comentador Sebastião Bugalho, Carlos Moedas assumiu que tem "muito medo" da extrema-esquerda e da extrema-direita e afirmou que incluí-los em soluções anula os moderados.
Sobre o seu futuro, Carlos Moedas volta a não revelar se quer voltar a concorrer à Câmara de Lisboa, tal como já tinha dito durante uma entrevista dada à Renascença, precisamente a propósito da chegada do livro às bandas, Carlos Moedas não se comprometeu com uma recandidatura à Câmara da Lisboa.
Não estava previsto o presidente da República intervir nesta cerimónia, mas Carlos Moedas pediu, e Marcelo Rebelo de Sousa não resistiu a criar mais um facto político depois de encharcar o autor da obra com rasgados elogios: "É dos [políticos] mais sofisticados".
Aproveitando o prefácio do livro - que foi escrito por Emmanuel Macron - o presidente da República vinca que Carlos Moedas não escolheu um autarca para o fazer.
"Não foi escolher nenhum grande autarca francês, foi escolher precisamente o chefe de Estado francês, portanto, ficamos a saber", lançou Marcelo Rebelo de Sousa, provocando um riso geral da plateia.
Ao passar em revista os tempos em que trabalhou bem perto de Pedro Passos Coelho, altura em que era secretário de Estado do primeiro-ministro, Carlos Moedas assume que teve divergências na forma de comunicar o cumprimento do memorando da Troika com o então ministro das Finanças, Vítor Gaspar. Moedas queria chamar-lhe "memorando da Troika", Gaspar preferia "memorando de Governo".
Assumindo que foram "tempos muito difíceis" Carlos Moedas elogiou a capacidade política de Pedro Passos Coelho para gerir o resgate ao defender que ninguém teria feito melhor que ele.
"Não há nenhum político que queira cortar salários, se o faz é para salvar o país. Isso foi muito duro mas é um momento do qual tenho um orgulho enorme porque penso que não poderia ter havido outro governo que fosse capaz de o ter feito naquela altura e a capacidade que o primeiro-ministro Passos Coelho teve", destaca Moedas.
Sem tempo a perder, o autarca lisboeta não escondeu a satisfação pela quantidade de personalidades que estiveram no evento. “Que grande sala”, suspirou com um sorriso.
Na apresentação do livro marcou presença o estado-maior da direita portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ex-presidente da República, Luís Marques Mendes, comentador e ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, também antiga líder social-democrata e Hugo Soares, líder parlamentar do PSD e secretário-geral do partido sentaram-se no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian.
Inúmeros membros do novo governo fizeram o mesmo: Nuno Melo, ministro da Defesa e líder do CDS, Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação, Ana Paula Martins, ministra da Saúde, Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude, Castro Almeida, ministro da Coesão Territorial e José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura.
A lista não termina aqui: Lídia Pereira, eurodeputada do PSD e recém-eleita vice presidente do Partido Popular Europeu, Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara de Lisboa, Miguel Morgado, antigo dirigente do PSD, Carla Castro, antiga deputada da Iniciativa Liberal que disputou a liderança do partido com Rui Rocha e até o polémico Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras.
De fora da política houve também várias personalidades que apareceram: Dom Rui Valério, patriarca de Lisboa, Luís Goucha, apresentador de televisão, Tony Carreira, músico, e Luís Represas, cantor.