20 abr, 2024 - 12:21 • Manuela Pires , Filipa Ribeiro
Ao relógio do CDS-PP ainda não foi dada corda e continua por isso no fuso horário do partido. Como é já tradição os trabalhos que estavam marcados para as 10h da manhã começaram já depois das 11h30.
Nuno Melo chegou ao congresso do CDS, em Viseu, com uma hora e meia de atraso e com a consciência tranquila de dever cumprido.
Em declarações aos jornalistas, referiu que o partido está melhor do que há dois anos e no lugar que é seu por direito na cena política. “Quando os problemas acontecem, há duas possibilidades ou se enfrentam ou desistem. Nós optamos por acreditar, por resistir. Hoje podemos entregar o CDS num Estado muitíssimo melhor do que em 2022, quando eu fui eleito no Congresso de Guimarães. Não poderia estar mais satisfeito com um maior sentimento de dever cumprido” referiu o líder do CDS aos jornalistas.
A próxima etapa para o partido é crescer e adaptar-se às diferentes situações e Nuno Melo garante que o partido tem uma marca própria nesta coligação e não se vai diluir.
“O CDS está numa coligação transportando a sua singularidade. Os votos do CDS contaram, mas o CDS não é o PSD. O CDS transporta uma singularidade, o CDS é um partido democrata, cristão, humanista, personalista, aberto a correntes liberais, conservadoras. O CDS acrescentou votos, acrescentou mandatos e acrescenta a nossa singularidade e por isso nós não nos diluímos” refere Nuno Melo.
O líder do CDS garantiu ainda que o CDS foi decisivo para a vitórias nas leigislativas de março e que não foi nenhuma muleta.
“Nem o CDS-PP foi muleta nem o PSD foi barriga de aluguer. Os votos de uns e de outros foram absolutamente decisivos para a vitória sobre o PS e as esquerdas e um novo ciclo político”, considerou Nuno Melo, à entrada do 31.º Congresso do CDS-PP, que decorre hoje e domingo, em Viseu.
À chegada ao congresso o líder do CDS foi questionado sobre a redução das taxas de IRS aprovadas esta semana em conselho de ministros e diz não compreender as críticas feitas pelo partido socialista.
“Pelos vistos, o pecado é a coligação AD baixar mais os impostos do que aquela que era a proposta do próprio Partido Socialista. É uma coisa extraordinária, não é? Nós temos um Partido Socialista que durante 8 anos aumentou todos os impostos. Não houve drama, mas aqui chegados, o drama é o facto. De AD reduzir mais os impostos, nomeadamente sobre o trabalho do que aquela que era a própria proposta do Partido Socialista” diz Nuno Melo.
Nestas primeiras horas, os dirigentes do CDS que chegaram ao congresso foram ainda questionados pelas declarações de Pedro passos Coelho sobre Paulo Portas, mas ninguém quis comentar.
O antigo líder do CDS que não vem ao congresso a Viseu, mas que enviou um vídeo que vai passar esta tarde no pavilhão cidade de Viseu.
Viseu
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Com sala cheia de delegados ao congresso, os trabalhos começaram com a aprovação das atas dos dois congresso anteriores e com o grito: “O CDS está vivo” pela voz de José Manuel Rodrigues, líder do CDS Madeira e que está a conduzir os trabalhos do Congresso.
À entrada para o Pavilhão da Cidade de Viseu, Paulo Núncio desvalorizou as declarações de Pedro Passos Coelho. O antigo primeiro-ministro deixou críticas e desvalorizou o papel de Paulo Portas no último governo PSD/CDS-PP. E o agora deputado Paulo Núncio diz que está focado no futuro. “São declarações que desvalorizo. Nós já não estamos em 2013, estamos em 2024 e o CDS não está virado para o passado. Está virado para o futuro“, disse.
Paulo Núncio falou ainda sobre a questão da redução de impostos levantada esta semana sobre o governo da AD. O deputado do CDS sublinhou apenas que há um alívio fiscal que vai ser sentido este ano e que esse “é o caminho certo”.
O congresso do CDS acontece a pouco mais de um mês das eleições na Madeira e esse é também um ponto em destaque. José Manuel Rodrigues líder do partido regional voltou a sublinhar que o CDS nada teve a ver com a crise política na Madeira e que vai com listas próprias às eleições pois “não paga por cabos nem erros dos outros”, disse.
O presidente do CDS Madeira espera um bom resultado e a nível nacional diz estar convencido de que o partido teria eleito deputados mesmo se tivesse ido com listas próprias às legislativas.
Além de festejar o regresso ao parlamento o partido está com o foco de se modernizar. O líder da distrital de Viseu chega a defender que o partido se deve reposicionar. “Não fomos capazes de dar resposta certa, não fomos capazes de dar respostas adequadas aos problemas do país e o eleitorado é sempre sábio portanto, queremo-nos recentrar eu espero que sejamos capazes de fazer esse acerto”, disse Hélder Amaral que defende que o partido deve esquecer os erros do passado.
“Tentar olhar para frente e olhar para o futuro” acrescentou.
Numa mensagem vídeo enviada ao 31º Congresso do CDS, o presidente do Partido Popular Europeu, Manfred Weber diz esperar que com o CDS-PP se continue a dar continuidade ao facto de serem o maior grupo no Parlamento Europeu e no Conselho Europeu.
Manfred Eeber sublinha que são o partido com mais governadores confessando-se orgulhoso pelo apoio a Ursula Von der Leyen à Comissão Europeia.
O líder do PP europeu felicitou Nuno Melo pela entrada no governo português afirmando que espera agora “mais um sucesso, agora, a nível europeu”, disse.