22 abr, 2024 - 17:10 • Susana Madureira Martins
António José Seguro vai participar no lançamento da candidatura de Rui Fernandes à liderança da comissão política do PS de Soure, concelhia do distrito de Coimbra. Trata-se da primeira vez que o antigo líder socialista surge num evento partidário desde que abandonou a liderança do partido.
Nos 50 anos do 25 de abril, Seguro vai ter participação direta numa ação de campanha interna do PS, dando apoio declarado a uma das fações de uma das concelhias de Coimbra e que é encabeçada por Rui Fernandes.
As eleições para as concelhias do PS estão apontadas para 6 de julho e Seguro vai intervir num debate com um dos candidatos à liderança do partido em Soure sobre "Democracia, Liberdade e Cidadania". A conversa é apresentada pela organização do evento como "uma troca de ideias e argumentos sobre as questões centrais da democracia, entre o percurso de 50 anos e o momento atual".
Numa nota a que a Renascença teve acesso, os organizadores do debate com Seguro adiantam que esta "será uma oportunidade de perspetivar as conquistas que o percurso democrático do país trouxe a todos os portugueses, mas também refletir as ameaças e os desafios que se apresentam neste momento".
A mesma nota refere que na sessão moderada pelo socialista Jorge Cristino vão ser debatidas "questões relevantes de cidadania quer à escala nacional quer à escala local".
A Renascença sabe que António José Seguro respondeu ao convite "por amizade" a Rui Fernandes, que concorre à liderança da concelhia de Soure contra uma fação apadrinhada por João Gouveia, ex-deputado do PS e ex-presidente da Câmara de Soure. O ex-líder socialista quererá ainda prestar homenagem ao fundador do PS Francisco Ramos da Costa, numa curta cerimónia em Alfarelos.
Numa das suas últimas ultimas e raras intervenções públicas, já em fevereiro deste ano, e antes das legislativas de março, o antigo secretário-geral do PS deixou um aviso em tempo de campanha eleitoral que incluiu um apelo aos partidos para que se deixem de “trincheiras” e cheguem a entendimentos alargados no pós-eleições.
“Como é possível que os partidos não se entendam depois das eleições? Há uma coisa que não percebo: a ideia de que não se pode fazer acordos e entendimentos. Parece que é sinal de fraqueza. Passou-se de uma cultura de algum entendimento e diálogo para uma cultura de trincheira. Perdeu-se a cultura de diálogo, de respeito pelo outro (…) e isso cria deslace social”, disse o ex-líder do PS no Congresso Nacional dos Agentes e Corretores de Seguros.
Quanto a Rui Fernandes, é descrito à Renascença por fontes socialistas como um apoiante desde a primeira hora do atual secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, e surge como candidato à maior concelhia do PS no distrito de Coimbra contabilizando um total de cerca de 2300 militantes.
Desde as últimas eleições internas, em 2022, foram inscritos à volta de dois mil militantes na concelhia de Soure. As eleições internas deste ano estão, portanto, ao rubro e podem cair para qualquer dos lados.