23 abr, 2024 - 06:10 • Susana Madureira Martins
Está aprovada a lista de candidatos do PS às eleições europeias de junho, com uma votação na comissão política por "larguíssima maioria", nas palavras de Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas. Mas entre essa "larguíssima maioria" não constavam nomes de peso como Francisco Assis ou Fernando Medina, por exemplo.
Ambos fazem parte da comissão política do PS e as ausências foram notadas na reunião desta segunda-feira, tendo em conta que Assis é o número dois da lista, mas chegou a ser dado certo como cabeça de lista e o ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, que foi indicado para constar entre os primeiros lugares, mas não se confirmou.
Num órgão de direção do partido que tem quase 80 elementos, estiveram presentes pouco mais de 40. O resultado final da votação da lista encabeçada por Marta Temido foi de 41 votos a favor, 9 contra e 4 abstenções.
No final da comissão política, o líder do PS disse aos jornalistas que se trata de uma lista de "qualidade e experiência”, mas no partido há quem aponte que faltam candidatos com peso. "A partir do terceiro lugar não se conhece ninguém", admite um socialista contactado pela Renascença.
Marta Temido surge em primeiro lugar, Francisco Assis em segundo e em terceiro Ana Catarina Mendes. Há quem estranhe que no quarto lugar surja Bruno Gonçalves, um nome praticamente desconhecido, indicado pela distrital de Braga e aceite pela direção nacional que vetou o nome de Isabel Estrada Carvalhais, que, de resto, tem experiência como eurodeputada.
A lista do PS é completamente renovada e nenhum dos atuais eurodeputados é reconduzido na lista. Pedro Nuno Santos optou por uma renovação total, deixando de fora nomes como Pedro Marques, vice-presidente da bancada do grupo dos "Socialistas e Democratas" no Parlamento Europeu ou Pedro Silva Pereira, vice-presidente do Parlamento Europeu.
Fonte socialista nota ainda à Renascença que, por exemplo, a eurodeputada Isabel Santos foi recentemente considerada uma das eurodeputadas mais influentes do Parlamento Europeu e fica fora da lista.
A Renascença sabe que a opção de Pedro Nuno Santos em renovar totalmente a lista está a causar desconforto entre os atuais eurodeputados do PS, mas o líder socialista recusa que se trate de uma rutura.
"Há sempre alterações nas listas, há evolução, há mudança e isso é normal. Nada tem que ver com a qualidade do trabalho que os nossos eurodeputados fizeram. Há momentos em que é preciso mudar. É normal que assim seja, este era um momento de trazer novas pessoas ao Parlamento Europeu e renovar", justificou Pedro Nuno Santos no final da comissão política.
O desconforto causado pelas escolhas de Pedro Nuno Santos chega até ao PS-Açores, tendo em conta que o líder regional queria constar no terceiro lugar da lista de candidatos às europeias, mas não lhe terá sido prometido mais do que o quinto. Em alternativa, foi indicado o nome do deputado regional André Rodrigues.
Ausentes da lista estão também os apoiantes de José Luís Carneiro. Questionado pelos jornalistas sobre essa ausência de nomes ligados ao antigo adversário interno, Pedro Nuno Santos afirmou apenas que "isso foi resolvido na disputa interna".
"É muito importante a posição de todos os camaradas e também a de José Luís Carneiro, mas a eleição interna já lá vai e o congresso já lá vai", assumiu o líder do PS.
Na reunião da comissão política, que decorreu à porta fechada, Carneiro terá lamentado o modo como decorreu a escolha dos candidatos. Segundo fontes presentes na reunião, o ex-ministro da Administração Interna apelou a uma "maior abertura para ouvir pessoas diversificadas dada a exigência de momentos como estes para a representação da Europa".
Carneiro terá, assim, considerado importante que num processo "desta exigência" teria havido vantagem em ouvir pessoas "com experiência" em diversas áreas e que isso teria dado "outro ângulo" ao líder do PS.
Quanto ao nome do cabeça de lista da AD, o comentador e jornalista Sebastião Bugalho, o líder do PS escusou-se a comentar as listas dos adversários e quer apostar numa campanha "pela positiva".
"Estamos focados na nossa lista, no nosso compromisso com a Europa e nos nossos candidatos. Faremos sempre uma campanha pela positiva, combativa e assertiva. Temos a melhor a lista, os melhores candidatos e de longe a melhor cabeça de lista", defendeu o líder socialista.