20 mai, 2024 - 12:29 • Filipa Ribeiro
O Partido Comunista Português encontra-se esta segunda e terça-feira na Península de Setúbal para as jornadas Parlamentares. Na sessão de abertura dos trabalhos, o secretário-geral do partido salientou os pontos essenciais que vão estar em discussão. Com críticas à governação do executivo liderado por Luís Montenegro, Paulo Raimundo reforçou a urgência de se iniciarem as obras do novo aeroporto em Alcochete.
“Este processo não pode andar para trás, nem sequer em pensamento, é preciso avançar mesmo e rapidamente para a construção faseada do aeroporto do campo de tiro de Alcochete e esta é que é a prioridade e não a ampliação do aeroporto de Lisboa, com todos os riscos de segurança acrescidos para centenas de milhares de pessoas que ali vivem e trabalham”, disse.
Já antes a urgência nas obras em Alcochete tinha sido sublinhada pela líder parlamentar do partido Paula Santos que defendeu que “já se perdeu tempo demais” e que a prioridade deve ser dada à construção do novo aeroporto.
Ainda nas críticas ao governo PSD/CDS, Paulo Raimundo considerou que o executivo tenta passar uma imagem que está a fazer em pouco tempo o que os anteriores não fizeram. No entanto o secretário-geral do PCP realçou o que considera ser benefícios para grandes grupos económicos com críticas aos lucros que têm sido registados pela banca.
Sobre a habitação, Paulo Raimundo argumenta que o novo programa apresentado pelo executivo representa a abertura de “novas oportunidades de negócio para uma minoria que se aproveita para ampliar a especulação e servir fundos imobiliários”.
Sobre o IRS o secretário-geral do PCP considera que o Governo fez “um número apenas para reduzir os impostos ao grande capital”.
No Forte de Santiago de Sesimbra, com vista para o mar, o secretário-geral do PCP acusou o Governo de se desculpar com objetivos europeus e deu como exemplo a península de Setúbal onde decorrem os trabalhos . “Esta península cheia de potencialidades, de gente trabalhadora, de recursos e meios com provas dadas conhece bem os efeitos concretos daquilo que foram anos e anos sucessivos da política de direita e da integração capitalista da União Europeia”, disse defendendo que o aparelho produtivo foi destruido pelos “sucessivos governos sob as ordens e ajoelhados perante as directivas da União Europeia”.
Paulo Raimundo dá como exemplo os efeitos da Política Agricola Comum que, defende, teve “impactos nos pequenos e médios agricultores”. Outro exemplo é o setor da pesca. O secretário-geral do PCP acredita que o país tem capacidade para produzir mais com a costa marítima que tem, mas acaba por “ser obrigado a importar”.
Paulo Raimundo defende que tem de haver coragem para abrir o caminho para o desenvolvimento urgente que enfrenta “os grandes interesses dos que se acham donos disto tudo, sempre defendidos pelas orientações da União Europeia”. O secretário-geral sublinha que os objetivos da União Europeia para Portugal são “acentuar ainda mais as injustiças, desmantelar e privatizar serviços públicos, pressionar salários e pensões e pôr as mãos no dinheiro dos trabalhadores que está na segurança social”.
A influência da europa em questões internas, a situação dos trabalhadores e ainda o ambiente e os ecossistemas vão ser os temas em cima da mesa das jornadas Paralmentares do PCP que decorrem na Península de Setúbal.