27 mai, 2024 - 23:06 • Cristina Nascimento
Bem a propósito do tema, 50 anos da criação do salário mínimo nacional, a sessão organizada esta segunda-feira pela CDU teve lugar na Rua Voz do Operário, em Lisboa. No arranque da campanha para as eleições europeias de 9 de junho, o evento ficou marcado pelos testemunhos de trabalhadores, uns mais jovens do que outros, das mais variadas áreas.
Em comum tinham uma queixa: salários baixos que, relataram, mal permitem levar uma vida digna.
Foi o que relatou, por exemplo, Sandra Vilaverde, trabalhadora no Grupo Jerónimo Martins há 18 anos e que recebe pouco mais do que o salário mínimo. Depois Sara, uma jovem de 24 anos, garante não conseguir sair de casa dos pais, dados os preços da habitação em Lisboa.
Os testemunhos foram o mote para os discursos das figuras políticas presentes. João Oliveira, cabeça de lista da CDU às europeias, reafirmou que o aumento dos salários é essencial e o tema serviu para apontar baterias quer às políticas de direita dos Governos que têm liderado o país, quer à União Europeia.
“Têm empurrado o país para o caminho contrário, da desvalorização dos salários, do empobrecimento dos trabalhadores e do agravamento da divergência face aos salários dos países mais desenvolvidos dentro da União Europeia”, acusou.
Cabeça de lista da CDU pede “uma voz mais forte”, (...)
João Oliveira, que por várias ocasiões tem defendido que Portugal deve preparar a saída da moeda única, lembrou que tem sido questionado “se ainda assim não estamos melhor por causa da União Europeia”. O cabeça de lista responde que “é altura de lembrar que o 25 de Abril não começou em Bruxelas e que o salário mínimo não foi criado por uma diretiva da União Europeia”.
Neste primeiro dia de campanha para as eleições europeias, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, marcou presença no evento, lembrando que o primeiro salário mínimo foi fixado em 3.300 escudos.
“Tivesse sido esse valor atualizado conforme a inflação e a produtividade e não tivesse sido congelado entre 2011 e 2014, graças às ‘troikas’, e o seu valor seria já em 2019 de 1137 euros”, argumentou.
Paulo Raimundo citou ainda estudos que apontam que “para garantir uma vida digna no nosso país, ou seja, de maneira a garantir o acesso a bens e serviços essenciais à realização pessoal e familiar, o valor para um casal com dois filhos deveria ser de 1.298,57 euros para cada membro”.
“50 anos passados e aqui chegados é notório para todos os trabalhadores, que não só o salário mínimo, como a grande maioria dos salários, em Portugal, são baixos”, disse o líder do PCP, aproveitando para criticar o PS por não os ter aumentado enquanto esteve no Governo.