28 mai, 2024 - 22:05 • Tomás Anjinho Chagas
Não será demais dizer que jogam em casa: no segundo dia da campanha o Chega foi até ao Algarve - o distrito tornado "Venturistão" em que o partido conseguiu maior percentagem de votos nas últimas legislativas -, e foi acarinhado pelas pessoas com que se cruzou.
“Ventura, ninguém te quer mais do que Olhão”, grita um dos homens presentes, que leva uma bandeira do Chega ao ombro. Tânger Correa vai com André Ventura ao lado nesta arruada, mas o cabeça de lista às europeias está sempre em segundo plano.
Na frente e com a destreza de quem já conhece as campanhas, Ventura é que entra nas lojas, distribui beijinhos, abraços e contacta com a população. No mercado de Olhão, Tânger Corrêa vai tentando soltar-se mas este não é claramente o terreno a que o antigo embaixador se habituou.
Até é tema nas declarações à comunicação social. Aos jornalistas, Tânger Corrêa reconhece que o reconhecimento público que tem é nitidamente inferior ao de Marta Temido (PS) - que se tornou a face do combate à pandemia - e ao de Sebastião Bugalho (AD) – que entrou durante largos meses em casa dos portugueses nos espaços de comentário que mantinha em horário nobre nas televisões.
Agora quer tornar-se mais parecido com o líder do seu partido: “Tenho tido vários momentos André Ventura, em que as pessoas se chegam ao pé de mim sem me conhecer de lado nenhum”, explica aos jornalistas à entrada do mercado de Olhão.
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Tânger Corrêa assume que é uma empreitada: “É evidente que eu sou muito menos conhecido do que André Ventura”, e procura aprender com o líder do Chega.
A parada volta a subir, de pouco valeram as tentativas de moderar expectativas empreendidas por Tânger Corrêa. Durante o jantar comício desta terça-feira, em Tavira, distrito de Faro, André Ventura voltou a colocar a fasquia na vitória das eleições europeias do próximo dia 9 de junho.
“Temos de mostrar que o nosso crescimento não foi um epifenómeno”, afirmou o líder do partido que, de propósito ou sem querer, assumiu que este ato eleitoral é uma rampa de lançamento para as próximas legislativas (quando as houver).
“O nosso crescimento no dia 10 de março foi o prelúdio daquilo que será a nossa vitória legislativa”, disse o presidente do Chega, que depois lá falou em Europeias para dizer que as quer vencer.
Num discurso inflamado, onde atirou a Marta Temido por “não ter vergonha” ao candidatar-se às europeias depois de se ter demitido do ministério da Saúde, o líder do Chega voltou-se para a AD.
Referindo-se a Sebastião Bugalho e ao seu papel de comentador político, Ventura acusa os comentadores das televisões de estarem “comprados pelo PS e PSD”.