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Europeias 2024

BE associa extrema-direita a Putin e pede que se “aprenda com as crianças”

29 mai, 2024 - 20:02 • Filipa Ribeiro

Inclusão e cultura são as bandeiras do Bloco de Esquerda no terceiro dia de campanha marcado por buscas no Parlamento Europeu sobre alegada ingerência russa. Catarina Martins não tem dúvidas de que extrema-direita e Putin são a mesma coisa.

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QUA FILIPA RIBEIRO BLOCO DE ESQUERDA 23H D29
Ouça aqui a visita de Catarina Martins à Escola Básica 2,3 do Monte da Caparica

A cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições europeias de 9 de junho não tem dúvidas de que “o campo da extrema-direita na Europa é alimentado pela oligarquia de Vladimir Putin”. Catarina Martins diz que “as ligações são claras”.

As buscas no Parlamento Europeu marcaram o terceiro e mais quente dia da campanha, até agora. Em causa uma alegada interferência na instituição europeia do regime russo. Catarina Martins diz que nem é necessário conhecer os resultados das buscas.

“Ao longo do tempo tivemos vários momentos destes em que houve processos que revelaram as ligações e o financiamento da extrema-direita por Vladimir Putin”, disse a candidata do Bloco de Esquerda, que considera que “o maior perigo para a segurança da União Europeia é a extrema-direita, porque a extrema-direita é Vladimir Putin”, afirmou.

A candidata do Bloco de Esquerda começou o terceiro dia de campanha a bater o pé ao som do "Hino da Alegria", tocado pela banda de professores, alunos e auxiliares da escola E B 2,3 do Monte da Caparica. A visita à escola não chega ao acaso, mas sim por trabalhar a questão da inclusão.

No total, no agrupamento que tem a escola como sede estudam 300 alunos migrantes de mais de 20 nacionalidades, explica Sandra Vicente, diretora da escola: “Desde há dois anos começámos a receber mais paquistaneses, marroquinos, do Bangladesh, meia dúzia de ucranianos e russos”.

A diretora diz que, mais do que as aulas de Português Língua Não Materna, a cooperação entre os alunos é o que mais contribui para a inclusão dos alunos.

A inclusão dos alunos não se centra apenas nas crianças que chegam do estrangeiro, mas também dos alunos que sofrem com patologias, como autismo por exemplo. Para esses a escola criou uma sala sensorial. Com uma luz azul e um ambiente que faz lembrar o oceano de fundo toca uma versão do tema do filme “A pequena sereia”.

Depois de alguns minutos, Catarina Martins foi conhecer o projeto "Sementes" que consiste na construção de bancos decorados pelos alunos para os jardins da escola e que recebeu fundos do PRR através de uma colaboração com a autarquia local. A diretora da escola referiu, várias vezes, que tudo era possível devido aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência.

“Nós achamos isso boa ideia, queríamos era tornar isso uma coisa permanente para acontecer todos os anos”, referiu Catarina Martins.

Depois de ouvir queixas dos alunos sobre os computadores e as falhas de internet, a cabeça de lista do BE chamou à atenção da deputada Joana Mortágua para tomar nota dos problemas.

Apesar de ter dado autógrafos nos braços dos adolescentes, Catarina Martins visitou a escola para dar o exemplo aos outros partidos sobre a questão de inclusão e a abertura da Europa para todos. “Acho que era bom aprender com as crianças. Há quem faça tudo para dividir as pessoas e para fazer com que cresça o medo, insegurança e ódio usando argumentos falsos o que vemos é que numa escola com crianças tão diversas, com deficiência e diversas línguas .. as crianças sabem que são iguais”, sublinhou.

A atriz e candidata ao Parlamento Europeu

A história de Catarina Martins começou no teatro e a candidata ao Parlamento Europeu colocou o "pin" da cultura na agenda, com uma visita à companhia de teatro "O Bando", em Palmela. À chegada, recebeu um livro e um fronha para a almofada vermelha com a frase: "quem adormece em democracia, acorda em ditadura".

Catarina Martins visitou à companhia de teatro que vai ter em cena a peça "1001 noites. Irmã Palestina". A cabeça de lista do Bloco de Esquerda para as eleições de 9 de junho aproveitou o contexto para recordar que "mais três países europeus reconheceram a Palestina como Estado e que Portugal não reconheceu e deve reconhecer!".

Durante uma conversa numa espaço ao ar livre, acompanhada por uma limonada, Catarina Martins recordou ter feito uma formação com "O Bando", há 30 anos. A cultura é um tema caro à candidata do Bloco de Esquerda, que realça a importância de investimento da União Europeia em centros de cultura, defendendo que é fundamental "acreditar na Europa que investe na cultura".

Mais um cruzamento entre IL e BE

Não há dia desta campanha que passe sem recados da Iniciativa Liberal para o Bloco de Esquerda e vice-versa.

Depois de João Cotrim Figueiredo, candidato liberal às europeias, ter voltado a adjetivar o BE como um partido "sonso" sobre as posições que toma relativamente à Ucrânia, Catarina Martins voltou a associar o liberal aos Vistos gold e a táticas de extrema-direita.

"João Cotrim Figueiredo ficou aflito porque tentou ter posição muito clara sobre a Ucrânia e foi lembrado que enquanto presidente do Instituto do Turismo fez um programa de Vistos gold para turismo residencial dirigido à oligarquia russa e, portanto, a sua posição sobre a oligarquia de Vladimir Putin não foi sempre a mesma. Ficou atrapalhado e decidiu usar aos métodos da extrema-direita, que é mentir sobre as posições do Bloco de Esquerda", disse Catarina Martins.

A candidata do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu diz que há adjetivação que não vai utilizar durante a campanha e refere que no partido "sempre houve posição critica sobre oligarquia e regime de Putin", acrescentando que "se há partido com posição coerente é o Bloco de Esquerda".

Sobre as críticas de João Cotrim Figueiredo, a candidata do Bloco de Esquerda lembra que os dois partidos (IL e BE) têm perspetivas diferentes. "Temos visto que os liberais com grande facilidade têm encontros com extrema-direita e, como sabem, o Bloco de Esquerda tem posição diferente", concluiu Catarina Martins.

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