01 jun, 2024 - 22:01 • Tomás Anjinho Chagas , Lusa
O discurso vai a meio, André Ventura volta a defender que o país deve deixar de receber imigrantes, e quando faz uma pausa, centenas de militantes do Chega cantam em uníssono: "Nem mais um! Nem mais um! Nem mais um!"
Referem-se evidentemente a imigrantes, e André Ventura repete a frase. O cenário vive-se numa quinta em Torres Novas, no distrito de Santarém, por onde o Chega passou este sábado e elevou o tom do discurso. O líder do partido voltou a ser o protagonista, relegando o cabeça de lista, Tânger Corrêa, para segundo plano. O alvo foi o mesmo desta primeira semana de campanha: os imigrantes.
O líder do Chega admite que muitos portugueses emigraram na segunda metade do século, mas considera que é incomparável com o tipo de imigração que chega a Portugal nos dias de hoje: "Hoje são homens e mulheres de sucesso, compará-los com eles é um crime que lesa a pátria", resumiu.
André Ventura diz que não conhece "um único português" que tenha saído do país sem vontade de ir trabalhar, isto apesar de os imigrantes terem contribuído com 1.600 milhões de euros para a Segurança Social em Portugal no ano de 2022.
Neste discurso perante algumas centenas de militantes do Chega, André Ventura não poupou o presidente da República e recuou ao tema das reparações históricas às ex-colónias para atirar a Marcelo Rebelo de Sousa.
Quando o caso foi referido ouviram-se apupos das mesas e cadeiras onde os apoiantes estavam sentados. "Este país nunca se envergonhará da sua história e não pagará um cêntimo a ninguém no que depender do Chega, por uma razão muito simples, nós deixámos lá muito mais do que recebemos", resume.
"Felizmente está a terminar a sua função. Finalmente vamos ver-nos livres de Marcelo Rebelo de Sousa daqui a um ano e meio", desferiu André Ventura.
E no seguimento da chuva de críticas ao chefe de Estado, o líder do Chega desafia o presidente da República a ir ao Parlamento para esclarecer tudo na Comissão de Inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiros.
"Se acredita na verdade e na transparência, responda a esta comissão de inquérito, responda aos portugueses sobre este caso", afirmou inflamado.
"No dia em que André Ventura for primeiro-ministro de Portugal, eu tenho um plano gizado há anos com amigos americanos para que Portugal possa, de uma forma sustentada, de uma forma soberana, garantir um plano de sustentabilidade económica através do Atlântico", afirmou, sem detalhar os contornos esse acordo.
"O nosso maior vizinho não é Espanha, o nosso maior vizinho são os Estados Unidos da América [...]. Não é preciso que haja uma linha de fronteira terrestre, pode ser uma linha de fronteira marítima, e nós temos que ir buscar essa fronteira", defendeu.
António Tânger Corrêa afirmou que Portugal é central no Atlântico mas periférico na Europa.
"Temos de saber conjugar estas duas valências. Isto é o Portugal que nós queremos, não é o Portugal de mão estendida, dos pedintes, dos subsidiodependentes, é um Portugal por si próprio", indicou.
[notícia atualizada às 00h33 de 2 de junho, com a intervenção de Tânger Corrêa]