04 jun, 2024 - 00:40 • Isabel Pacheco
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O Plano da Ação para as Migrações é “um recuo de 20 anos”. Para a líder do Bloco de Esquerda (BE), as medidas anunciadas pelo Governo, esta segunda-feira, para controlar as migrações representam um regresso ao passado do Governo de Cavaco Silva.
“É para este país cavaquista que Montenegro quer regressar com esta política dos vistos passados nos consulados mediante a apresentação do contrato de trabalho”, apontou Mariana Mortágua durante um comício em Aveiro. “E essa política não é para ninguém. Não é para os imigrantes e também não é para Portugal nem para a nossa economia”, defendeu a coordenadora do BE, recordando “os tempos da construção da Expo 98 ou da Ponte Vasco da Gama”.
“Era o tempo do trabalho clandestino feito por trabalhadores clandestinos, obras de regime feitas por pessoas sem papéis recolhidas por carrinhas a cada manhã, pagas por baixo da mesa, sem seguro a trabalhar à jorna sem contrato sem nada”, apontou. “A regra do Governo é reintroduzir a regra daqueles tempos”.
Já quanto à ideia de atrair mão de obra qualificada, uma das medidas do plano da ação para as migrações, a líder bloquista diz ser “absurda”. Até porque “não é isso que o país precisa”.
“A promessa ou a ideia de que Portugal vai escolher os imigrantes é uma promessa absurda, absurda. É a economia, explicou Mariana Mortágua. “São as guerras, as alterações climáticas” que ditam a imigração e , sendo assim, “vai continuar a haver trabalho e vai continuar a haver falta de mão-de-obra em sectores cruciais para a economia portuguesa”, considerou .
“A questão não é se vêm ou não vêm imigrantes. A questão é, como é que nós acolhemos os imigrantes que vão chegar aqui”, resumiu.
Num dia de campanha para as europeias marcado pelo tema da imigração, a cabeça de lista do BE a Estrasburgo, Catarina Martins mudou a agulha da agenda ao trazer a proposta da semana de quatro dias de trabalho para o centro do discurso no comício que encerrou o dia bloquista em Aveiro. Catarina Martins quer que seja Portugal a dar o exemplo à União Europeia ao tornar o projeto uma “realidade” .
“É essa a conquista que nós queremos trazer, que Portugal seja conhecido pela semana de quatro dias. Usemos o nosso exemplo, usemos o teste que fazemos, usemos o que já sabemos”, apelou a candidata.
“A semana de quatro dias é boa para toda a gente, é boa para os trabalhadores, é boa para a economia, é boa para o país e não pode ser exceção. Não pode ser um estudo, tem de ser a realidade”, defendeu Catarina Martins, que no início do seu discurso disse querer trazer “o trabalho” para o “centro da campanha europeia.