07 jun, 2024 - 06:30 • Filipa Ribeiro
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"Chuva socialista não molha liberal." Foi com esta frase que Rui Rocha terminou o penúltimo dia de campanha da Iniciativa Liberal para as europeias, debaixo de água num arraial em Lisboa. Mas a presença do presidente não se fez notar durante as últimas semanas, com João Cotrim de Figueiredo a assumir o protagonismo. O cabeça de lista esteve acompanhado por uma caravana que incluiu sempre os deputados mais jovens do partido, Bernardo Blanco e Patrícia Gilvaz.
Tal como em campanhas anteriores, Cotrim cumpriu a tradição da Iniciativa Liberal de se dedicar aos empresários, a quem disse que "não seriam o parente pobre na IL", mas, além das visitas a empresas e almoços de empresários, o cabeça de lista da IL teve tempo para testar feiras e festas locais e travar contacto com a população nas ruas de Norte a Sul do país.
Ainda que a mobilização não fosse significativa, o à vontade de Cotrim de Figueiredo no contacto com os eleitores aumentou a possibilidade de uma eleição de dois eurodeputados liberais. A entrada de dois eurodeputados na estreia liberal em Bruxelas e Estrasburgo tornou-se mais real para o candidato na segunda semana de campanha. E, apesar de não valorizar demasiado as sondagens, o candidato confessou-se satisfeito com o crescimento que o partido foi conseguindo com os últimos barómetros.
A ambição de eleger Ana Martins, a número dois da lista da IL, não foi escondida por Cotrim. Já a candidata, embora presente, ficou longe do espaço de declarações e intervenções nas ações de campanha.
Na rua, uma vez mais se percebeu que o ponto forte da Iniciativa Liberal são os eleitores mais jovens, que pediam inclusive fotografias com o cabeça de lista. Mais difícil é a conquista do eleitorado mais velho que, apesar de reconhecer Cotrim de Figueiredo da televisão, não escondiam que a Iniciativa Liberal não seria a primeira opção de voto.
Uma vez mais, tal como nas legislativas, a campanha dos liberais apostou no público mais jovem e voltou a soltar o "liberdade sobre rodas" - o autocarro da Iniciativa Liberal que correu várias cidades com cerveja gratuita a bordo.
Ao longo da campanha, Cotrim procurou fugir de assuntos internos e focar-se nos assuntos europeus, com destaque para o crescimento económico. Pelo meio, houve sempre espaço para críticas aos vários candidatos dos outros partidos. O próprio presidente Rui Rocha afirmou que, devido à qualidade do cabeça de lista (e à falta de qualidade de outros), o voto na Iniciativa Liberal é um "voto fácil".
A troca de acusações com outros candidatos começou logo no início de campanha, com o Bloco de Esquerda, e rapidamente se alastraram aos restantes partidos - seja através de recomendações de livros ou de vídeos no TikTok.
Das "teorias da conspiração" do candidato do Chega, António Tânger Corrêa, à falta de lucidez do candidato Sebastião Bugalho, em relação à sua versão de comentador, passando pelo "deserto de ideias" e a "fuga aos debates" de Marta Temido, não faltaram alvos a Cotrim, apontando aos cabeças de lista dos principais partidos falta de preparação e pouco conhecimento sobre a Europa e a União Europeia.
O único percalço ao longo das últimas semanas aconteceu em Faro, numa "falha de comunicação" entre a equipa de campanha e os militantes do distrito. No passado domingo, um grupo de liberais concentrou-se com bandeiras junto a uma escola, em dia de voto antecipado, gerando algum desconforto com a CNE e obrigando os liberais a mudaram de local para uma ação de campanha de apelo ao voto.
Desde a ida à Feira do Livro de Lisboa aos discursos em jantares, Cotrim apelou sempre ao voto nestas europeias primeiro e só depois ao voto no seu partido, não esquecendo os "desiludidos de março e junho" que votaram noutros partidos que não na Iniciativa Liberal nas últimas legislativas.
Naquele que terá sido o último discurso desta campanha, esta quinta-feira, Cotrim de Figueiredo aproveitou ainda para se dirigir diretamente aos eleitores do Chega, reclamando que "protestar só por protestar e votar em qualquer coisa só por berrar mais alto não é solução". "A solução é pensarem bem e votarem na IL", disse, confiante de um bom resultado no próximo domingo.