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Europeias 2024

O comentador está reformado. Sebastião, a construção de um novo líder

07 jun, 2024 - 06:30 • Manuela Pires

Ao longo de duas semanas de campanha, o cabeça de lista da AD foi aos mercados, andou na rua, recebeu elogios. Sebastião começou a campanha a dizer que “vai ser difícil ganhar” e na reta final “que nada é impossível”.

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“Já não tens escolha. És um dos nossos. Quanto mais os incomodas mais és um dos nossos”. A frase dedicada a Sebastião Bugalho é de José Eduardo Martins, antigo secretário de Estado do Ambiente. O ex-deputado do PSD está afastado da política partidária, mas participou num almoço em Gondomar, no penúltimo dia de campanha.

Sebastião Bugalho é independente, mas na volta da AD todos os dirigentes partidários elogiam o candidato e até foi desafiado, num comício, pelo primeiro-ministro a inscrever-se no PSD.

“Ele é independente. Logo veremos por quanto tempo”, antecipou Luís Montenegro no comício em Évora, no primeiro dia de campanha.

Sebastião Bugalho por agora não revela quando vai assinar a ficha de militante do PSD, mas há uma certeza a vida de comentador acabou.

O PSD e o CDS fizeram uma campanha centrada no cabeça de lista Sebastião Bugalho que quer falar apenas dos temas da europa, mas que acaba nos comícios por não resistir e analisar a oposição, quase sempre o PS e Marta Temido, os alvos preferenciais das críticas.

Quase no fim da campanha, Sebastião Bugalho anunciou na Praia da Apúlia que o comentador político se tinha reformado, ao mesmo tempo em Lisboa, na Assembleia da República, o PS e o Chega chumbavam a proposta dos partidos da AD para reduzir as taxas de IRS. O candidato que já acusou várias vezes o PS de andar de braço dado com o Chega, diz que não é comentador, nem porta-voz do governo.

“O comentador Sebastião Bugalho está reformado”. Não sou comentador do Governo nem porta-voz do Governo”, respondeu Sebastião Bugalho aos jornalistas.

O cabeça de lista da AD segue nesta campanha a mesma estratégia de Luis Montenegro nas legislativas. Deixa os adversários a falarem sozinhos, diz que está na campanha para falar da europa e das propostas da AD e está constantemente a evitar responder aos “ataques” que surgem das outras candidaturas. Aliás faz disso uma das suas bandeiras, não responder a ataques pessoais.

Sebastião Bugalho diz sempre que não quer “nacionalizar” a campanha, mas não consegue resistir a fazer elogios ao governo “que está a fazer coisas”.

“Está a ser assim num governo que operou no mês de maio 1299 doentes oncológicos, dos 9 mil que o PS deixou em lista de espera, era impossível, mas foi possível com a AD” disse no comício em Vila Nova de Famalicão.

A idade do candidato e os anúncios do governo

O candidato que tem 28 anos faz da idade um dos trunfos desta campanha. Até define como meta para as eleições, mais 1 ponto percentual que a idade, 29 por centro. Não há um dia que Sebastião Bugalho ou algum dos dirigentes ou candidatos não lembrem a idade do cabeça de lista.

“É um jovem precocemente envelhecido. É um elogio porque tem a sapiência dos velhos” diz o professor Linhares Furtado que está á espera do candidato na Associação Académica de Coimbra.

Num encontro com jovens em Lisboa, o mandatário da candidatura, Carlos Moedas pediu mesmo para deixarem de falar da idade.

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Mas está é também uma campanha que segue ao sabor das medidas do governo que anunciou em plena campanha eleitoral o plano da saúde e o plano de ação das migrações.

Nos discursos Sebastião Bugalho diz que o voto na estabilidade é na AD “para não voltar a andar para trás” escolhe o PS como o principal alvo das críticas. Diz que é um voto na incerteza, uma interrogação e o voto no medo, e aponta aquilo que dizem ser as divergências que existem no partido.

"Em quê é que ficamos? Quem é que manda no PS? O que é que o PS pensa e decide? Qual é que é a versão da democracia portuguesa que vigora no PS", questionou no comício na guarda.

A primeira campanha do primeiro-ministro Luís Montenegro

Em Pombal, o autarca Pedro Pimpão aproveita que Luis Montenegro está no pavilhão para pedir ao primeiro-ministro a ligação do IC2 à auto estrada do Norte. Mas afinal de contas enganou-se no destinatário.

Quando sobe ao palco, Luis Montenegro diz que não é o primeiro-ministro que está ali, mas sim o líder do PSD e que ao contrário de outros não se aproveita da campanha.

“Outro tempo houve e outras forças políticas há que aproveitam as campanhas eleitorais e os membros do Governo para fazerem campanha direta política. Nós na AD não fazemos isso”, afirmou em Pombal.

Luis Montenegro já esteve quatro vezes na campanha e regressa esta sexta-feira em Lisboa.

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Em Évora, avisou que era “muito difícil” ganhar uma quinta eleição (depois das legislativas, duas regionais da madeira e as eleições nos açores), e à oposição que acusa o governo de eleitoralismo responde que depois das eleições o ritmo vai continuar.

“Desengane-se quem acha que a dinâmica do Governo só existe por causa das eleições. No dia 10 e 11 estaremos com a mesma dinâmica qualquer que seja o resultado” disse no comício em Évora.

Luis Montenegro não quer vir à campanha como primeiro-ministro, mas o governo não sai dos discursos e as críticas ao partido socialista também não.

Em Santa Maria da Feira, terra de ciclismo, disse que a oposição não tem pedalada para acompanhar o governo.

Ao longo das duas semanas de campanha, o governo anunciou o plano de emergência para a saúde, o plano de ação das migrações mas nos discursos entra também a redução do IRS e o acordo com os professores. Sebastião Bugalho diz que o "governo está a fazer coisas" o que deixa o "líder do PS, o fazedor" incomodado e Montenegro avisa que o ritmo vai continuar depois de 9 de junho.

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