07 jun, 2024 - 06:30 • Isabel Pacheco
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Tímida, focada na Europa e, sobretudo, marcada pela ausência do porta-voz do Livre, Rui Tavares. Assim se fez as duas semanas de campanha eleitoral do cabeça de lista do partido às eleições europeias, o estreante e desconhecido Francisco Paupério que surpreendeu em debates televisivos.
Tavares juntou-se a Paupério ao sexto dia de campanha num comício no Porto. Regressou dias depois, já na reta final, para participar, na quarta-feira, em Lisboa, na habitual “pedalada” das campanhas eleitorais do partido e na quinta-feira num comício no auditório do Liceu Camões.
O porta-voz do Livre quis desvalorizar a sua ausência ao elogiar, no Porto, o “excelente trabalho” do candidato. Ainda assim não foi o suficiente para afastar o “fantasma” da tensão com Francisco Paupério, depois da polémica em torno da sua eleição, nas primárias em abril, como principal candidato ao Parlamento Europeu.
Centrada nos temas europeus, a estratégia eleitoral de Paupério acabou por ficar de fora das “tricas” ou da “troca de galhardetes” entre partidos. Nem se ouviram, por parte do candidato, ataques políticos mais ou menos evidentes em tempo de campanha.
De fora da narrativa do cabeça de lista do Livre ficaram também os comentários aos temas da atualidade nacional. Uma das exceções foi o Plano de Ação para a Migração e Asilo que levou Paupério acusar o Governo de “eleitoralismo” ou a pedir mais empenho para a Agência de Integração, Migração e Asilo. Ou não fosse a integração um dos temas “bandeira” da candidatura do Livre a Bruxelas.
Paupério apostou todas as fichas em chamar a atenção mediática para a sua agenda europeia. Valeu-se de um programa feito de visitas a instituições e associações que considerou ser exemplo de políticas focadas na integração, no ambiente, na ciência ou nos jovens.
Sem arruadas, o contacto com a população também foi modesto. Após a primeira semana de campanha, Paupério começou a sair às ruas, embora, sempre discreto. O candidato, o segundo mais jovem na corrida aos 21 lugares do Parlamento Europeu, depois de Sebastião Bugalho, deu-se a conhecer, sobretudo, no espaço mediático dos debates onde, para alguns, foi visto como uma revelação.
Esta é a terceira vez que o Livre concorre ao Parlamento Europeu. Depois de 2014 e 2019, em que não conseguiu a eleição, o partido corre desta vez a Bruxelas com o “sonho” da eleição de dois eurodeputados.