12 jun, 2024 - 17:41 • José Pedro Frazão
Apesar da vitória eleitoral no último domingo, a ex-ministra Mariana Vieira da Silva reconhece que os resultados das eleições europeias acabam com a ideia de que uma crise política seria positiva para alguma força política. No programa “Casa Comum” da Renascença, a dirigente socialista foi confrontada com eventuais mudanças no quadro político na sequência das eleições de 9 de Junho sustentando que “deixa de haver um incentivo forte, que alguns podiam acalentar, de que uma crise seria positiva”.
A referência de Mariana Vieira da Silva seria para o Governo, mas aplica-se ao Partido Socialista. “Não sei se alguém considerava que o Partido Socialista, depois daquele resultado eleitoral [nas legislativas] achava que ganhava em eleições rápidas. Nós virámos uma página de um ciclo longo de governação e o Partido Socialista tem consciência — e o secretário-geral disse isso mesmo — que tem aqui um trabalho de preparação para um próximo ciclo de governação, que ainda está a iniciar. Portanto, não vejo no Partido Socialista essa vontade, nem expressa, nem deixando de ser expressa”.
A deputada do PS espera que o Governo entre num "ritmo mais sereno de governação do que o país precisa e que os eleitores querem". Mariana Vieira da Silva espera "um clima de maior normalidade na decisão na discussão parlamentar, que não tem acontecido nas últimas semanas, porque houve um corrupio de anúncios muito significativo e agora é preciso a apresentar trabalho".
Sobre um entendimento entre PSD e PS para uma possível aprovação do Orçamento do Estado, com base no contexto político após as eleições europeias, Mariana Vieira da Silva reconhece abertura, mas pressiona o Governo a mudar a sua estratégia.
"Pareceu-me entender, das declarações da noite eleitoral, esse caminho mais aberto. Mas tudo depende se não utilizamos toda a iniciativa do Governo, como aconteceu nas últimas semanas, ou para sistematicamente lançar auditorias sobre tudo e sobre nada ou para apresentar propostas que à partida, não recolhem nenhum acolhimento", avisa a dirigente socialista que fala agora num "período distinto para trabalhar" depois de duas eleições "muito seguidas" e que " são sempre motivo de alguma instabilidade".
Sobre o Chega, a deputada socialista acrescenta que o PS nunca negociou "nem vai negociar " matérias no Parlamento, sublinhando que o Partido Socialista estendeu várias vezes o apoio ao PSD "na matéria da eleição do Presidente da Assembleia da República e em muitas outras".