17 jun, 2024 - 19:51 • José Pedro Frazão
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, insiste na necessidade de estabilidade financeira em Portugal com um Orçamento do Estado que seja equilibrado.
Numa intervenção perante representantes eleitos norte-americanos de origem portuguesa, reunidos em Lisboa, o Presidente da República deixou clara a sua preferência.
"Um orçamento equilibrado é muito, muito importante. A estabilidade financeira, que tivemos ao longo destes últimos anos após a pandemia e mantemos agora, é um ponto-chave para o nosso futuro", salientou.
Neste encontro na Fundação Luso-Americana, num discurso lido em inglês, o Presidente da República foi mais longe e previu que a radicalização do debate político vai obrigar PS e PSD a entendimentos que são bons para o país.
"Qualquer tipo de radicalização que tenha efeitos importantes no debate e na agenda públicos forçará os dois principais partidos e outras forças políticas sociais a encontrar compromissos. E se olharmos para as eleições europeias, quase 65% votaram a favor nesta área ampla, o que nos dá a legitimidade para manter esses compromissos como uma boa estratégia para o país", defende Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao dar vários exemplos da procura turística americana e brasileira, Marcelo justifica-a com a repetição da palavra estabilidade.
O secretário-geral do PS considera que o crescimen(...)
"Quando se tem uma situação financeira estável, uma situação bancária estável, quando se tem paz e segurança, quando se tem isso é as pessoas sentem que se tem isso, podem ver o que acontece nas nossas relações", afirmou perante uma plateia de americanos de origem portuguesa. Depois da polémica em torno do jantar da Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal, o Presidente decidiu abrir a sua intervenção inicial à imprensa e fechar as portas nas perguntas e respostas onde prometeu detalhar as frases que decidiu trazer preparadas de Belém.
"Quão estável é a nossa sociedade, não dependendo de eleições antecipadas ou de disputas políticas ou mesmo de crises políticas", soou a novo recado para estrangeiro ouvir.
Em ano de presidenciais na nos Estados Unidos, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que a economia não é o único fator decisivo no voto popular de novembro.
"É o ambiente social, cultural e político. A criação de todo tipo de teorias. A raiva e o medo como fontes para mobilizar as pessoas, como acontece em tantos países no mundo todo. É também o poder dos media no debate público, os velhos e os novos media", elencou o chefe de Estado que ao fechar as portas da imprensa foi lembrando à audiência que fez carreira como comentador.
Os cenários são vários para o ex-analista político na imprensa. "Para Portugal e para a Europa é muito claro o que está em jogo: a continuação de uma forte relação transatlântica baseada no diálogo, no respeito mútuo e na convergência estratégica. Ou um mergulho profundo num país hiperpolarizado, com uma atitude transacional em relação a cada aliado ou concorrente com zero compromissos multilaterais. Ou qualquer bom julgamento sobre conflitos e disputas em todo o mundo", elencou o Presidente da República na antevisão a uma campanha que " sentimos que todos nós vivemos", uma campanha a que chamou mesmo "uma campanha existencial americana."
Marcelo começou a sua intervenção reconhecendo a centralidade da guerra, sobre a qual pede um olhar "mais integrado" e que se evitem "duplos padrões em matéria de direito humanitário".
O chefe de Estado quer "trazer" a China para as soluções dos conflitos na Ucrânia e em Gaza. "Manter a aliança transatlântica muito, muito forte, reduzindo o poder da Rússia na Ucrânia e no Médio Oriente. Estas são as garantias para qualquer vantagem em futuras negociações que possam trazer paz e segurança à Europa e ao Médio Oriente", rematou.