02 jul, 2024 - 14:26 • Manuela Pires
O primeiro-ministro acredita que o Governo vai chegar a acordo com os sindicatos e associações das forças de segurança, mas, no encerramento das jornadas parlamentares, Luís Montenegro avisou que não vai acrescentar nem mais um cêntimo aos 300 euros, valor que foi a última proposta do Ministério da Administração Interna.
“Estamos disponíveis para fazer acertos no acordo, mas não nos valores. O governo não vai colocar nem mais um cêntimo na proposta que apresentou, porque nós fizemos um esforço que é um esforço medonho”, disse aos deputados.
Apesar do braço de ferro com a plataforma sindical da PSP e da GNR — que exige mais dinheiro —, o primeiro-ministro acredita que o acordo vai ser alcançado esta semana, mas não pode ser feita a qualquer preço, a bem do equilíbrio das contas públicas.
Os líderes do PS e do Chega já reagiram.
Pedro Nuno Santos acusa o primeiro-ministro de fracassar na capacidade de chegar a acordo com as forças de segurança, uma das "grandes promessas" eleitorais de Luís Montenegro, e acusou o Chega de aproveitamento irresponsável da situação.
Já André Ventura considerou que os restantes partidos têm medo de que os polícias percebam que, afinal, quem disse apoiá-los, afinal estava a enganar as forças de segurança.
Em causa as declarações de Luís Montenegro, que af(...)
“Há uma coisa que não pode acontecer: é o Governo perder a autoridade de se preocupar com toda a sociedade, com todos os outros. Enquanto eu for primeiro-ministro, estarei disponível para resolver tudo aquilo que tem de ser resolvido em Portugal, mas não para trazer de volta a instabilidade financeira, o sofrimento para todos, só para cumprir o interesse particular de alguns”, afirmou Luís Montenegro, no encerramento das jornadas parlamentares do PSD, em Sintra.
Os avisos do primeiro-ministro foram deixados a dois dias da discussão, no Parlamento, de diplomas do Chega que vão ao encontro das reivindicações das forças de segurança e Montenegro sublinhou a ideia de que os diplomas invadem a esfera de competência do Governo.
“Respeitamos a opinião política de todos, mas não vacilamos em denunciar, em combater, em confrontar os que se guiam pelo oportunismo, pela instrumentalização de problemas reais. Na próxima quinta-feira, veremos de que lado estão todos e cá estaremos todos para assumir a responsabilidade do que entenderem decidir”, disse o chefe de Governo.
Apenas com 3 meses de Governo, o primeiro-ministro diz não estar preocupado com o tempo que vai durar a legislatura, garantindo que o governo nada fará para encurtar esse tempo e que irá usar todos os instrumentos que a lei e a Constituição lhe conferem para cumprir o programa que não foi “chumbado” no Parlamento.
“Eu não estou preocupado mesmo com o tempo de duração da legislatura, o tempo está determinado na Constituição, a única coisa que não dominamos é o que também está na Constituição e que pode interromper esse tempo. O que vos garanto é que não vamos ser nós a dar razões para isso” acontecer, sublinhou Montenegro.
“Se houver na expressão da vontade política do povo, representada no Parlamento, algum interesse em que isso não aconteça, garanto que não vai ser por responsabilidade do Governo nem por não estar a cumprir o seu programa”, concluiu. Montenegro disse ainda ter toda a disponibilidade para dialogar com os partidos da oposição, mas — acrescentou — não tem jeito para jogos de sombra.
“Temos jeito para assumir compromissos e dizer até onde podemos ir, se os outros partidos políticos não quiserem, têm toda a legitimidade e liberdade política, mas não vão conseguir demover o Governo de governar. O Governo utilizará sempre aquilo que a lei e a Constituição lhe dão para poderem cumprir o seu programa”, garantiu o primeiro-ministro no encerramento das jornadas parlamentares do PSD que tiveram como tema o estado da nação.