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Polícias "desiludidos" prometem regressar aos protestos de rua

04 jul, 2024 - 19:29 • Susana Madureira Martins

Centenas de agentes das forças de segurança estiveram dentro e fora do Parlamento para assistirem ao debate dos diplomas sobre gratificações e aumento dos suplementos das polícias. Depois da frustração pelo resultado da votação, ponderam regressar à contestação nas ruas.

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"Desiludido.” Foi desta maneira que Rui Neves, vice-presidente do Sindicato Independente dos Agentes da Polícia (SIAP), descreveu aos jornalistas o estado de espírito das centenas de membros das forças de segurança que se concentraram na porta lateral do Parlamento à espera de entrar para assistir à sessão plenária desta quinta-feira.

O dirigente sindical foi um dos elementos das polícias que conseguiu entrar na Assembleia da República para assistir a grande parte do debate no hemiciclo. Só não assistiu ao chumbo de todos os projetos de lei que previam a valorização das remunerações das forças de segurança.

"O SIAP está, naturalmente, desiludido com o sentido de votação dos representantes da Nação", começou por dizer Rui Neves aos jornalistas.

Perante a frustração do que se passou no hemiciclo, o dirigente do SIAP conclui que "restará, se calhar, ponderar se não será tempo de os polícias regressarem à luta e regressarem às ruas".

Rui Neves foi também dos poucos dirigentes sindicais que esteve nesta concentração fora e dentro do Parlamento. Faz parte do sindicato que não foi convocado pela ministra da Administração Interna para a reunião de dia 9. Mas, se for convocado, lá estará, garante.

Mas também admite que, "se calhar, será tempo de voltar à luta".

Diante as centenas de polícias que hoje se juntaram fora e dentro do Parlamento, Rui Neves atalha e diz aos jornalistas que "não houve nenhum protesto" das forças de segurança.

Esta quinta-feira, as forças de segurança vieram "pacificamente e civicamente, como qualquer cidadão, assistir a um plenário".

Pacífica e serena, assim decorreu, de facto, a concentração dos polícias à frente da porta lateral do Parlamento. A demora na revista, tida como normal por Rui Neves, foi atrasando a entrada das centenas de elementos das forças de segurança no interior do Parlamento e muitos deles só conseguiram entrar já perto das votações dos diplomas.

Essa entrada a conta-gotas foi enervando os polícias que estavam à espera fora do Parlamento. No meio de um calor intenso, diversos agentes das forças de segurança iam assobiando em protesto e gritando "vergonha" na presença das dezenas de jornalistas que ali se encontravam.

Os ânimos ficaram mais tensos apenas uma única vez. Quando diversos deputados e dirigentes do Chega se dirigiram à porta lateral para falarem com as forças de segurança para perceber o porquê do que consideraram a demora na revista e nas entradas.

Enquanto isso, lá dentro, no hemiciclo, o presidente do Parlamento, José Pedro Aguiar-Branco, afastou qualquer ideia de que a PSP que faz o registo de entradas estivesse a "impedir" quem quer que fosse de subir às galerias.

Já perto do final do debate, praticamente todos os polícias ou estavam dentro do edifício de São Bento, enchendo à pinha as galerias do hemiciclo ou se mantiveram pacificamente junto à porta lateral. E muitos deles, em pequenos grupos, foram-se afastando e pura e simplesmente foram embora.

Comentários
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  • Joaquim Correto
    04 jul, 2024 Paços 22:07
    Não têm vergonha na cara! Rejeitaram um aumento de salário mais alto do que aquilo que muitos reformados ganham! Um autêntico falta de sentido da realidade! Eu tinha vergonha sequer de aparecer na televisão a dizer o que quer que seja!

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