08 jul, 2024 - 23:22 • Manuela Pires
Ao início da tarde, o primeiro-ministro já tinha avisado que preferia "ir-se embora" do que faltar aos compromissos que assumiu perante o país, à noite no conselho nacional do PSD, Luis Montenegro foi mais longe e desafiou a oposição a ter coragem de deitar o governo abaixo.
“Querem fazer aproximações e ver vertidas algumas das suas propostas no orçamento do estado, sim têm parceria. Mas se tudo isto não passar de um jogo, tenham a coragem de deitar abaixo o governo. Isto não é uma ameaça nem um desejo, porque estou bem consciente do prejuízo para o país que uma nova crise política podia trazer” desafiou o primeiro-ministro.
No discurso, feito no início dos trabalhos do Conselho Nacional, o primeiro-ministro reconhece que os portugueses estão fartos de eleições, mas sabe também que os portugueses votaram pela mudança das políticas e por isso não pode abdicar dos compromissos que assumiu no programa de governo que, lembra de novo o primeiro-ministro, não foi rejeitado no parlamento.
Luis Montenegro voltou a dizer que está disponível para dialogar e negociar com o partido socialista o orçamento do estado para o próximo ano, mas não pode aceitar que a oposição desvirtue o programa do governo e não vai recuar na descida do IRC que considera uma medida essencial para transformar a economia.
“Não podem pedir ao governo que abdique daquelas que são as traves mestras da governação. Podem pedir ao governo que aproxime posições, que complemente políticas, mas não podem pedir ao governo que deite abaixo os seus alicerces porque senão é o governo que cai. É assim na democracia” disse o líder do PSD aos conselheiros nacionais.
Mas não é apenas no IRC, o primeiro-ministro diz ao partido socialista que não pode abdicar também da redução do IRS Jovem, uma medida que considera essencial para travar a emigração dos jovens.
No conselho Nacional que marcou as eleições diretas para o dia 6 de setembro e o congresso do PSD para os dias 21 e 22 de setembro, os militantes escutaram ainda o primeiro-ministro enumerar algumas das medidas que que o governo já tomou, desde a localização do aeroporto de Lisboa, ao plano de emergência para a saúde, ao acordo alcançado com os professores, os oficias de justiça.
Na véspera de mais uma ronda de negociações no Ministério da Administração Interna e depois de Luis Montenegro ter dito “nem mais um cêntimo” à proposta do governo, o primeiro-ministro acredita que os sindicatos da PSP e as associações profissionais da GNR vão chegar a acordo com o governo. O primeiro-ministro reafirmou que depois dos professores, e das forças de seguranças, os militares das forças armadas vão ser os próximos a entrar em negociações com o governo.
"Estamos a pensar, naturalmente, depois desta situação resolvida, promover outras negociações com outros setores da Administração Pública. Nós não temos capacidade para ir a todos ao mesmo tempo, mas temos de ir estabelecendo prioridades, e a seguir são as forças armadas” disse Luis Montenegro.
O primeiro-ministro deu exemplos do trabalho que está a ser feito, daí dizer eu este é “um governo fazedor” que está a cumprir o programa de governo.
A uma semana do debate do estado da nação, e numa altura em que PS e o governo trocam acusações e esticam a corda por causa da viabilização do orçamento do estado, Luis Montenegro voltou a dizer esta noite o que referiu na discussão do programa de governo, que só uma moção de censura pode deitar abaixo o governo.
“Eu chamei a atenção do país e do mais alto magistrado da nação, com sentido de lealdade institucional que a não rejeição do programa do governo no parlamento, significava que o parlamento dava condições de governação. Depois na discussão do programa, eu afirmei que o governo saído do parlamento sem a aprovação de uma moção de rejeição, só deve cessar funções quando as forças políticas apresentarem e aprovarem uma moção de censura”