11 jul, 2024 - 19:51 • Redação com Lusa
O primeiro-ministro assegurou esta quinta-feira que Portugal "não vai falhar" o plano de investimento em defesa apresentado na cimeira da NATO e assumiu como objetivo estratégico do Governo criar um novo "cluster" na economia centrado na indústria de defesa.
"Esta foi uma cimeira onde Portugal veio transmitir de forma credível, de forma empenhada, para não falhar, um plano de investimentos que seja adequado ao compromisso estabelecido dentro da NATO", disse Luís Montenegro à comunicação social portuguesa, referindo-se à meta que já anunciou de atingir, em 2029, um investimento na defesa de cerca de 6.000 milhões de euros que corresponda aos 2% do PIB acordados entre os aliados.
Cimeira da NATO
Luís Montenegro confirmou plano depois da cerimóni(...)
O primeiro-ministro afirmou que esse esforço financeiro e militar será feito de "variadíssimas formas", ao nível dos recursos humanos e de um plano de investimento em equipamentos, para que Portugal assuma o seu papel de "membro efetivo" da NATO não só no plano político, diplomático, mas também do esforço militar.
"E também do ponto de vista de um objetivo estratégico que o Governo assume: fazer das indústrias de defesa e de todas aquelas que se interligam com ela uma oportunidade para termos um novo "cluster" na nossa economia, onde possamos ser competitivos aproveitando a capacidade tecnológica, cientifica para estarmos na vanguarda da inovação", referiu.
Luís Montenegro defendeu ainda uma posição mais efetiva dos Estados-membros da NATO, no contexto de uma guerra que ameaça a Aliança.
"Onde há um ataque a um Estado-membro que coloque em causa a segurança de um Estado-membro, nós devemos encarar isso como um ataque a todos nós, e se o fazemos hoje relativamente ao Estados-membros que estão na periferia do conflito entre a Rússia e a Ucrânia", apontou o primeiro-ministro.
O chefe do Governo que, estando Portugal aberto "a poder caminhar para receber a Ucrânia também nesta Aliança", o país tem de "assumir uma posição de membros efetivos não só no plano político, diplomático, mas também no esforço militar".
"Queria aqui destacar um ponto que tem sido bastante realçado e apoiado por praticamente todos os Estados-membros da Nato nas suas intervenções, que diz respeito a uma iniciativa de Portugal, a inclusão nesta Cimeira, depois de um trabalho feito e liderado até por uma portuguesa, de um plano de ação relativamente ao Sul", disse.
Os líderes da NATO concordaram em nomear um representante especial para o flanco sul para coordenar as relações com o norte de África e o Médio Oriente, face a possíveis ameaças como redes de contrabando de migrantes ou terrorismo.
Este trabalho resulta do trabalho desenvolvido pelo grupo de reflexão constituído há um ano, em Vilnius, para estudar os desafios, ameaças e oportunidades na vizinhança meridional da Aliança, e que foi liderado pela investigadora portuguesa Ana Santos Pinto, secretária de Estado da Defesa Nacional entre 2018 e 2019.
Cimeira da NATO em Washington
"O maior custo e o maior risco seria a Rússia ganh(...)
"Estando nós no âmbito de uma aliança regional, transatlântica, da Europa e dos Estados Unidos, ainda assim estamos atentos àqueles que são os movimentos que as forças que não se identificam com os valores da Aliança Atlântica vão tentando disseminar e aproveitar às vezes a debilidade de alguns Estados, de algumas geografias, para incrementar", referiu Montenegro.
Em conferência de imprensa, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que a Aliança Atlântica enfrenta "ameaças e instabilidade" do norte de África e do Médio Oriente, mas também indicou que existem oportunidades e defendeu a cooperação com países daquelas regiões.
Um grupo de trabalho nomeado por Stoltenberg concluiu em março que os desafios do flanco sul estão cada vez mais interligados com os do leste e que a segurança dos aliados está estreitamente interligada com a do Médio Oriente, do norte de África, do Sahel e até do Golfo da Guiné.
Países como Espanha ou Itália alertaram para a necessidade de olhar para o flanco sul e implementar plenamente a visão de 360 graus da NATO face a possíveis ameaças, como ondas migratórias, terrorismo ou instabilidade política, apesar da proeminência e dos recursos exigidos para enfrentar a Rússia.