17 jul, 2024 - 10:13 • Susana Madureira Martins
Numa altura em que o PS abriu a porta ao diálogo sobre o Orçamento do Estado (OE), o primeiro-ministro, Luís Montenegro, avisou, esta quarta-feira no início do debate do Estado da Nação, que "não está disponível para encenar negociações" e que as mesmas só valem a pena se "for para levar a sério", renovando a colagem do PS ao Chega que acusa de serem "irresponsáveis".
"Há um Governo legitimado pelo voto popular e um programa legitimado pela Assembleia da República", disse Montenegro, puxando dos galões e referindo que a Nação está "em transformação". Na semana em que Montenegro marcou reuniões com as oposições para sexta-feira, o chefe do executivo acusou o PS e o Chega de terem uma atitude "inadmissível e desleal".
Depois de tecer um rol de promessas que foram cumpridas pelo Governo da AD e com o PSD a abrir a porta a conversações sobre a reforma do IRC, Montenegro logo de seguida usou da ironia para criticar os socialistas.
"Ver o PS exigir mais baixa de impostos, abolir portagens, que se tinha recusado reduzir o valor, assistir a tudo isto tem sido um exercício de contorcionismo politico digno de uma farsa trágico-cómica", disse o primeiro-ministro.
Debate do Estado da Nação começa com discurso de 4(...)
Logo de seguida, Montenegro virou-se para a bancada da direita do hemiciclo a para concluir que "ver o Chega apoiar tudo isto com convicção e orgulho tem sido grande contributo que o anti-sistema trouxe para dentro do sistema" ou seja, "a birra, o oportunismo e a outra face da mesma moeda da irresponsabilidade".
Dando uma no cravo - abrindo a porta a negociações com as oposições - e outra na ferradura - colando a esquerda e a direita radical - Montenegro concluiu: "Se alguém ousasse ter dito antes das eleições que o Chega ia levar o PS às cavalitas para ambos governarem a partir do Parlamento diriam que isso era uma loucura, mas é uma realidade destes 100 dias", disse. E desabafou: "São opções".
Montenegro concluiu que "há um Governo que tem um rumo que está a cumprir a palavra dada e a executar o programa", avisando de novo que o Governo "não é dono da verdade, mas não está disponível para encenar negociações", acusando o PS: "Não hesitou em comer o fruto que dizia ser proibido" e o Chega "não hesitou em comer fruto que dizia apodrecido".