18 jul, 2024 - 13:13 • Daniela Espírito Santo , Pedro Mesquita enviado especial a Estrasburgo
O acordo não falhou. Mesmo com a votação secreta, que poderia levar alguns eurodeputados a fugir ao que estava estipulado pelas três principais famílias políticas para os altos cargos europeus, Ursula von der Leyen foi, esta quinta-feira, reeleita presidente da Comissão Europeia. A sua maioria é sólida: 401 votos em 719 possíveis, embora o apoio de 360 eurodeputados (maioria absoluta) já fosse suficiente para ser reconfirmada no cargo.
Agora, e com mais votos do que em 2019, Von der Leyen irá continuar no cargo por mais cinco anos, posição que ocupa desde julho de 2019.
“Da última vez foram oito votos acima da maioria necessária, desta vez são 41, o que transmite uma forte mensagem de confiança e é também um reconhecimento pelo trabalho árduo que temos realizado em conjunto nos últimos cinco anos”, disse Von der Leyen aos jornalistas, durante a conferência de imprensa pós votação, expressando a sua gratidão pela confiança da maioria do Parlamento Europeu.
A presidente da Comissão Europeia — que disse sentir-se mais legitimada depois da campanha eleitoral intensa e dos vários debates que tornaram "a democracia europeia muito mais viva" — foi questionada sobre a aproximação a Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana. "O resultado mostra que a abordagem foi a correta", respondeu.
Além disso, e focando-se antes no apoio generalizado, Von der Leyen congratulou-se por ter o apoio dos partidos pró-europeus, pró-Ucrânia e pró-Estado de Direito. E frisou que foi bom, no final, além do apoio do PPE, S&D e do Renovar Europa, ter consigo os verdes. “É um bom sinal que, no final, os tenha convencido a apoiar-me.”
A votação aconteceu ao início da tarde desta quinta-feira, com o resultado a ser anunciado posteriormente pela presidente do Parlamento, Roberta Metsola: 401 eurodeputados votaram a favor, 284 contra e 15 votaram em branco, além de 7 votos terem sido considerados inválidos.
Com a eleição de Ursula Von der Leyen, fecha-se o ciclo. António Costa será presidente do Conselho Europeu, lugar que ocupa a 1 de dezembro, e Roberta Metsola continua a ser presidente do Parlamento Europeu.
António Costa, de resto, já reagiu na rede social X (antigo Twitter), onde felicitou a colega. "Será um gosto trabalharmos em equipa pela Europa", escreveu o antigo primeiro-ministro.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros português felicitou Von der Leyen. "Portugal congratula [Ursula] von der Leyen pela sua reeleição como Presidente da Comissão Europeia, desejando-lhe votos de sucesso. O governo português continuará a privilegiar uma excelente cooperação com a Comissão, instituição chave na União Europeia", escreveu, em português e inglês, Paulo Rangel na rede social X.
Satisfeita com a eleição ficou também Roberta Metsola que, na conferência de imprensa conjunta com Von der Leyen, falou em "merecida eleição". Assim, Metsola considerou que o voto dos membros do Parlamento Europeu é uma “prova da sua forte liderança” e “a melhor decisão" para a Europa.
“É altura de começar a trabalhar para transformar as prioridades em realidade para todos europeus", disse Metsola dirigindo-se diretamente a Ursula von der Leyen. A presidente do Parlamento Europeu deixou ainda uma palavra sobre a formação do Colégio de Comissários — Von der Leyen disse que iria pedir a cada país que nomeasse um homem e uma mulher — o Parlamento Europeu “está, como sempre, pronto a desempenhar o seu papel no processo: levaremos muito a sério o nosso papel de fiscalização, trabalhando em estreita colaboração com a presidente eleita da Comissão, a fim de reunir equipa mais forte possível pela Europa.”