03 out, 2024 - 22:16 • Lusa
Os líderes parlamentares do PSD, Hugo Soares, e do CDS-PP, Paulo Núncio, salientaram esta quinta-feira o sentido de Estado do primeiro-ministro por "ceder" ao PS para que o país tenha estabilidade com a aprovação do Orçamento para 2025.
Já o presidente da Iniciativa Liberal criticou a proposta que o primeiro-ministro apresentou ao secretário-geral do PS para a viabilização do Orçamento, considerando que é cada vez mais difícil distinguir a Aliança Democrática (AD) e socialistas.
O líder parlamentar do PSD, numa declaração aos jornalistas, começou por salientar "o sentido de Estado e de responsabilidade" do primeiro-ministro, Luís Montenegro, pela contra proposta que apresentou a Pedro Nuno Santos para se aproximar das exigências do secretário-geral do PS, tendo em vista a viabilização do Orçamento do Estado para 2025.
"De forma muito clara, foi ao encontro das principais preocupações do PS, acolhendo, de resto, propostas concretas do programa dos socialistas. Considero que foi dado um grande passo para que o país possa sair do impasse e reganhar estabilidade com a aprovação do Orçamento", afirmou.
Interrogado sobre a resposta que espera dos socialistas à contraproposta agora apresentada pelo líder do executivo, Hugo Soares fez questão de referir que o PSD "respeitará o tempo de reflexão do PS".
Pela parte do presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP, o primeiro-ministro apresentou ao PS "um contra proposta irrecusável".
OE2025
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"O Governo fez tudo o que estava ao seu alcance para ir ao encontro do PS em questões como o IRC e o IRS jovem, mostrando elevado sentido de responsabilidade e patriotismo. O Governo cedeu e estão criadas as condições para que o Orçamento do Estado para 2025 seja aprovado no parlamento", sustentou Paulo Núncio.
Paulo Núncio acrescentou ainda que o mais importante "é evitar uma crise política em Portugal, quando o mundo está a atravessar um período perigoso".
O presidente da Iniciativa Liberal, pelo contrário, apelidou as negociações entre PS e Governo de "novela" e defendeu que as propostas que o primeiro-ministro apresentou sobre o IRC e o IRS jovem "o afastam cada vez mais da necessidade de mudança que o país precisa".
"É cada vez mais difícil distinguir a contra proposta de hoje do primeiro-ministro de um Orçamento feito por Pedro Nuno Santos. Estamos perante uma clara aproximação da AD ao PS. Desta forma, é muito difícil que Pedro Nuno Santos não viabilize a proposta do Governo de Orçamento. Mas isto é mau para o país", rematou o líder da Iniciativa Liberal.
Para Rui Rocha, a nova proposta de Luís Montenegro sobre o IRC, ao apenas baixar em um ponto percentual este imposto aplicado às empresas, "tornou a redução [transversal] residual" e "nenhum investidor estrangeiro apostará em Portugal por isso".
"No IRS jovem, a Iniciativa Liberal entende que a redução do imposto deveria ser para todos. Passamos a ter uma situação em que os jovens pagam menos impostos num país de baixos salários", concluiu.
Também o porta-voz do Livre, Rui Tavares, falou em "telenovela" para caracterizar a forma como estão a decorrer as negociações entre o PS e o Governo sobre a viabilização do Orçamento, numa declaração em que lamentou que o debate orçamental "esteja a ser superficial".
"Infelizmente, sobre Orçamento debate-se pouco sobre escolhas. Pela primeira vez desde que está na zona euro, Portugal tem a oportunidade de discutir políticas publicas a sério. Mas o Governo não está a fazer isso e outros partidos também entraram nesse comboio", criticou.
Pela parte da líder parlamentar do PCP, Paula Santos, PSD e PS "não estão a debater as questões fundamentais que interessam ao povo".
Numa alusão à questão da descida do IRC, Paula Santos afirmou que se discute "como se vão transferir mais recursos para os grandes grupos económicos".
Já em relação ao IRS jovem, a presidente do Grupo Parlamentar do PCP considerou que se está num caminho "para aprofundar as injustiças fiscais". " O que é preciso á aumentar salários e pensões e investir no reforço do Serviço Nacional de Saúde, mas PSD, PS, IL e Chega não querem discutir isso. Este Orçamento não irá dar resposta aos problemas dos portugueses", acrescentou.