14 out, 2024 - 16:46 • Pedro Mesquita , João Pedro Quesado
Adalberto Campos Fernandes e Francisco Assis consideram que as críticas de Pedro Nuno Santos a comentadores televisivos do partido são declarações “menos felizes”. À Renascença, o ex-ministro da Saúde falou em “momentos difíceis, de grande tensão”, e procurou desvalorizar o caso, mas lembrou que o atual líder também já foi comentador, enquanto o atual eurodeputado assegurou que continua a defender o voto a favor do PS no Orçamento do Estado para 2025.
“São momentos difíceis, de grande tensão, a liderança política da oposição não é fácil, portanto nós damos conta de que esses momentos de grande tensão muitas vezes levam a que possam sair coisas menos felizes do que noutras ocasiões”, lamentou Adalberto Campos Fernandes, que disse ainda que “não daria a isso grande importância”.
No passado sábado, no encerramento do Congresso Distrital do Porto, em Penafiel, o líder socialista avisou que “aqueles que no nosso partido têm acesso à televisão precisam mais vezes de descer do pedestal e de estar com o partido, sentir o partido, sentir os militantes”.
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Questionado se não se sentiu visado pelas críticas de Pedro Nuno Santos, o socialista, que é comentador televisivo, disse que “nem eu, nem penso que a generalidade dos comentadores da área socialista que estão no espaço público se sentiram visados”.
Adalberto Campos Fernandes lembrou que o atual secretário-geral “também foi” comentador, “embora por pouco tempo”, pelo que “sabe bem que nós sabemos do que é que ele está a falar e que estamos a falar de um partido livre, onde a liberdade é um valor supremo e onde nada disso significa nenhum confronto com a própria natureza do partido e com a própria posição oficial do partido”.
Para o ex-ministro da Saúde, o PS é “um partido livre, democrático, e ele sabe o que é ser livre, o que é ser militante de um partido que se caracteriza pela livre expressão e naturalmente contraditório pela diferença de opiniões”.
Adalberto Campos Fernandes realça que o partido “está unido quando é necessário estar unido, nos momentos críticos, mas que, fora desses momentos, tem naturalmente a tolerância para com quem livremente tem linhas de pensamento que possam ser, aqui e ali, diferentes das oficiais”.
Campos Fernandes foi ministro da Saúde no primeiro governo de António Costa, entre novembro de 2015 e outubro de 2018.
O PS ainda não anunciou o sentido de voto sobre o Orçamento do Estado para 2025 na generalidade, cuja votação decorre a 31 de outubro.
Também à Renascença, Francisco Assis descreveu as declarações do líder socialista como “frases menos felizes”, mas apontou que foram “feitas num determinado contexto” e ressalva que não se deve “fazer uma tempestade num copo de água”.
Questionado sobre uma eventual mudança da posição pessoal acerca da viabilização do Orçamento do Estado pelo PS, Assis recusou essa possibilidade, apontando que “nem Pedro Nuno Santos tinha a expectativa de condicionar fosse quem fosse”.
“Evidentemente que foram frases menos felizes”, disse o eurodeputado, ressalvando que “não correspondem” à “visão” de Pedro Nuno Santos “do que é o funcionamento de um partido democrático”, já que o secretário-geral está “a desenvolver todo este processo relativo ao Orçamento com grande abertura e com grande transparência”.
Francisco Assis prefere salientar que já falou com o secretário-geral do PS desde sábado, sublinhando que Pedro Nuno “é um democrata que respeita as opiniões dos outros”.
“Eu conheço o Pedro Nuno há muitos anos, já tive oportunidade de falar com ele depois de ele ter pronunciado essas frases. Obviamente que não vou divulgar o teor da conversa, mas já tive oportunidade de falar com ele, e sei que é um democrata que respeita as opiniões dos outros, que valoriza a liberdade de pensamento, quer no interior do PS, quer fora do PS”, afirmou Francisco Assis.
[notícia atualizada às 18h46]