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Lisboa

Carlos Moedas diz que migrantes retirados dos Anjos precisavam de ajuda imediata

17 out, 2024 - 14:00 • Lusa

Carlos Moedas reiterou que a Câmara de Lisboa "vai suportar estes custos até" serem encontradas soluções.

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O presidente da Câmara de Lisboa afirmou esta quinta-feira que os migrantes retirados da Igreja dos Anjos precisavam de uma ajuda imediata, pelo que o município desistiu de os instalar no Hospital Militar de Belém.

"Essa solução [para as pessoas em situação de sem-abrigo acantonadas há meses em tendas junto à Igreja dos Anjos] foi encontrada, ela precisava de ser imediata e a solução do Quartel de Belém não era imediata", justificou Carlos Moedas.

O presidente da Câmara de Lisboa disse ainda que "gostaria" que o Hospital Militar fosse um centro intergeracional, como exige a população da freguesia da Ajuda, mas salientou que isso depende do dono do edifício, que é o Ministério da Defesa.

"Aquilo que eu gostaria era que o Quartel de Belém fosse realmente um centro intergeracional, como foi prometido à população, muito antes de eu estar como presidente da Câmara. Obviamente isso depende do Ministério da Defesa, porque aquele ativo imobiliário, aquele prédio, não é da Câmara Municipal, é do Ministério da Defesa. Mas, a Câmara, do seu lado, vai continuar a lutar para que esse edifício possa ser o centro intergeracional que foi prometido à população", afirmou o autarca, em declarações aos jornalistas, à margem das Jornadas "Motivar para a Mudança", organizadas pela Comunidade Vida e Paz, em Lisboa.

Segundo Moedas, eram cerca de 50 as pessoas que precisavam de uma solução urgente por se encontrarem junto à Igreja dos Anjos sem dignidade, numa situação degradante para as pessoas e para a cidade.

"Essas pessoas estão em diferentes pensões e "hostels", que nós estamos a pagar. Obviamente, por questões de privacidade, não vos vou dizer exatamente quais, isso não seria correto para as pessoas, mas elas estão, diria eu, hoje numa situação que nunca tiveram", assegurou Moedas, realçando que muitas eram indocumentadas e vieram para Portugal "desamparadas", muitas vezes sem sequer falarem a língua portuguesa.

Carlos Moedas reiterou que a Câmara de Lisboa "vai suportar estes custos até" serem encontradas soluções.

O autarca de Lisboa adiantou ainda que as soluções para estas pessoas estão a ser encontradas individualmente na cidade, mas "também no país, porque há muitas pessoas que precisam e que têm ofertas de emprego fora da área de Lisboa" e, se "estiverem interessadas, também podem ir".

Por outro lado, assegurou que a autarquia está a apostar também na prevenção, para pessoas que "já estão muito perto desta situação" de sem-abrigo.

"Se deixamos a família entrar na situação de sem-abrigo, então, a partir daí, tudo fica mais complexo, mais complicado e tudo isso é muito mais difícil. E, portanto, a prevenção é essencial, a habitação é essencial e depois também a promoção da pessoa como a sua dignidade de encontrar trabalho, de encontrar motivações todos os dias para a sua vida", acrescentou.

Na quarta-feira, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse que a Câmara Municipal de Lisboa "deixou de ter interesse" em utilizar o antigo Hospital Militar de Belém, na Ajuda, para acolhimento temporário de imigrantes, posição que o Governo respeita.

"O presidente da Câmara Municipal de Lisboa ouviu os apelos da população que entendeu que não quer localizar aquilo ali. Nós até enquadrámos a possibilidade de no futuro transformar aquilo num centro intergeracional. Ainda assim, a CML, e nós respeitamos, entendeu que devia ter uma estratégia diferente", afirmou António Leitão Amaro, na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

O ministro adiantou que a Câmara de Lisboa "procurou outra estratégia e deixou de ter interesse na concretização do protocolo" que previa que o Governo cedesse o antigo Hospital Militar de Belém para acolher temporariamente imigrantes.

"Da parte do Governo houve a disponibilidade para fazer, preparámos o protocolo, adequá-lo a uma evolução futura para um centro intergeracional, agora ele implicava uma negociação adicional financeira, compreendo as reticências da CML sobre isso", disse.

A Câmara Municipal de Lisboa está a desenvolver um plano para as pessoas em situação de sem-abrigo, previsto para os próximos sete anos, que movimenta 70 milhões de euros.

O plano prevê o aumento de vagas para acolhimento destas pessoas: segundo Carlos Moedas a cidade já aumentou estas vagas de 700 para mais de mil, com previsão de voltar a aumentá-las, agora para duas mil.

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  • Anastácio Lopes
    17 out, 2024 Lisboa 13:27
    E triste e revoltante que este político que ambiciona vir a ser Secretário Geral do PSD, venha fazer esta triste e indignante afirmação, porque a ser verdade que os migrantes dos Anjos precisavam de ajuda imediata, será que para este pseudo político que assim fala, todos os outros sem abrigo de Lisboa não têm semelhantes necessidades? Recordo este político que o Código de Procedimentos Administrativos lhe impõe, entre outros o Princípio da Igualdade de Tratamento para respeitar, o qual, ao não ser respeitado, não só comete uma ilegalidade, como está a dar um péssimo exemplo aos que dele dependem hierarquicamente. É esta a imagem de marca que quer deixar quando deixar de ocupar o cargo que ocupa? Porque, ao invés deste político, entendo que não deve haver sem abrigos de primeira, segunda, etc, e que por isso têm todos semelhantes necessidades, em particular em termos habitacionais, ao ter previligiado uns em detrimento dos outros, apenas e só o qualifica negativamente, porque quando se candidatou ao cargo que ocupa, será que os votos dos sem abrigo dos Anjos valeram mais do que os votos dos outros sem abrigo, apesar de na altura ter sabido pedir o voto a todos e agora estar a ter este dúbio comportamento? Mal de quem precisa, pois quando alguém precisa de políticos que precisam da política para terem o que têm, jamais saberão dar valor ao sofrimento dos outros que nem para sobreviverem com o mínimo de dignidade humana têm, vendo-se destas indignantes formas discriminados.

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