15 nov, 2024 - 09:00 • Filipa Ribeiro
Falta pouco mais de uma semana para a primeira sessão solene na Assembleia da República a assinalar o 25 de Novembro de 1975, em moldes semelhantes aos das comemorações do 25 de Abril, mas o PCP e o Bloco de Esquerda ainda não decidiram se vão estar, ou não, presentes.
À Renascença, o Bloco de Esquerda sublinha que se opõe “à operação de revisão histórica que a direita e a extrema-direita promovem” e critica a equiparação do 25 de Novembro ao 25 de Abril, apontando uma posição sobre a matéria para mais tarde.
Também o PCP, à Renascença, reforça que discorda da realização da sessão na Assembleia da República. Os comunistas consideram que a cerimónia “se insere no processo de desvalorização, menorização e ataque ao 25 de Abril e à revolução que libertou Portugal do fascismo”.
O partido diz que só “forças retrógradas e reacionárias procuraram e procuram pôr em causa” a revolução que libertou o país e instaurou a liberdade e a democracia. Sobre a realização da cerimónia, à semelhança do Bloco de Esquerda, também diz que “oportunamente” irá expressar a sua posição.
A data sempre dividiu os partidos de esquerda e direita, mas em junho o CDS - com o apoio de PSD, Iniciativa Liberal e Chega - aprovou uma deliberação para que o 25 de Novembro de 1975 passasse a ser assinalado anualmente. Contra votaram PS, Bloco de Esquerda, PCP e Livre.
Os partidos de esquerda também discordaram dos moldes da cerimónia, que acabaram por ser votados em conferência de líderes.
Na reunião realizada há três semanas, participaram os líderes parlamentares dos partidos e a presidência da Assembleia da República, como é habitual. PCP e Bloco discordaram dos preparativos e criticaram a semelhança entre a cerimónia do 25 de Abril com a que está a ser preparada. Já o Livre defendeu que o 25 de Novembro deveria ser assinalado apenas no próximo ano, no seu cinquentenário, e não todos os anos.
À direita, o CDS-PP, o PSD, o Chega e a IL concordaram em replicar os moldes das cerimónias do 25 de Abril, com honras militares e a entoação do hino nacional no início e no fim da cerimónia - mas sem cravos vermelhos. A decoração floral está por conhecer e não serão pendurados pendões e colgaduras como acontece nas comemorações anuais de abril.
Entre os convidados estão o antigo Presidente da República, Ramalho Eanes, e a família do antigo primeiro-ministro e chefe de Estado, Mário Soares, ambas figuras históricas da data.
A Renascença questionou também o Livre sobre a participação na cerimónia do 25 de Novembro, mas não recebeu resposta até à publicação deste artigo.
A proposta final do modelo de sessão solene do 25 (...)
Desde 2018 que a Iniciativa Liberal assinala o 25 de Novembro de 1975 e este ano, além da presença na Assembleia da República, o partido tem agendado um jantar dois dias antes no Porto.
À Renascença, o partido recorda que tem sempre celebrado o 25 de Novembro "contrariando a opção ideológica da não comemoração pública” do dia e identifica-se como o “único partido” que celebra publicamente o 25 de abril e o 25 de novembro como as datas que “estabeleceram a democracia em Portugal”.
Desta vez, a Iniciativa Liberal organizou ainda um painel dedicado ao 25 de Novembro que fará parte da primeira conferência do Laboratório de Ação Política da IL (iLab) que vai acontecer no Porto, no dia 23 de novembro.
Para o mesmo dia, o partido tem programado um jantar para celebrar o que considera ser "um ano que fica para a história" com a primeira cerimónia solene na Assembleia da República para a data.
À Renascença, Rui Ribeiro da comissão executiva do partido e responsável do iLab, sublinha que este ano a comemoração do 25 de Novembro tem um “sabor especial” por estar de volta à Assembleia da República”, de onde considera que “nunca deveria ter saído”.