17 nov, 2024 - 00:09 • Maria João Costa
O ex-presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, desafia Luís Montenegro a manter o “não” ao Chega e a não desvirtuar o Orçamento do Estado.
Questionado pela Renascença, à margem do “Festival Utopia”, em Braga, sobre a proposta de alteração da AD para uma descida de dois pontos percentuais do IRC no Orçamento do Estado - também defendida pelo Chega – Santos Silva diz esperar que o primeiro-ministro não permita que o documento aprovado pelo PS seja desvirtuado na especialidade.
“O que eu acho é que, na medida em que o primeiro-ministro disse - na minha opinião, bem - que não quer nada com a extrema-direita, pois que não a use para aprovar medidas que iriam contra o espírito que permitiu a viabilização do orçamento”, referiu.
O também antigo ministro da Cultura considera ainda que a Justiça é um setor onde ainda não aconteceu um “25 de Abril”.
Na opinião de Augusto Santos Silva precisa de ter maior produtividade e ao mesmo tempo pôr em marcha uma reforma da Justiça.
“Acho que se há área em que ainda não aconteceu um 25 de Abril, é a área da Justiça. Ainda está por fazer a grande reforma da Justiça. Nós fizemos grandes reformas no regime político, no sistema eleitoral, na nossa estrutura económica, na estrutura das qualificações, na escola, mas não há uma reforma equivalente na área da justiça. Eu acho que esse é um desígnio muito importante para os próximos anos. Depois nós continuamos com um problema que nos acompanha há muitos anos que é o problema da produtividade. Nós retiramos menos rendimento do nosso trabalho, do nosso esforço, dos nossos recursos, do que aqueles que podíamos e devíamos retirar”, explicou.
As declarações de Augusto Santos Silva foram feitas à margem da apresentação do livro "Obrigado por Estarem Aqui". É uma obra em que Santos Silva reúne um conjunto de textos sobre a importância da literatura portuguesa.