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Moedas. Pessoas retiradas dos Anjos com consentimento e "soluções"

26 nov, 2024 - 17:08 • Lusa

"Falámos com cada um. Todos foram levados para pensões e "hostels", garante presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

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O presidente da Câmara de Lisboa garantiu esta terça-feira que os sem-abrigo retirados da rua na zona dos Anjos saíram com consentimento e soluções, faltando realojar as pessoas que ainda estão em duas tendas na Avenida Almirante Reis.

Carlos Moedas (PSD) falava aos jornalistas nos Paços do Concelho, em Lisboa, na apresentação do Projeto Integrado de Requalificação do Eixo da Almirante Reis, uma obra orçada em 20 milhões de euros, 13 milhões dos quais na primeira fase para o faseamento (projeto + obra).

O autarca lembrou que a obra hoje apresentada não está dissociada da intervenção que tem sido feita no âmbito do realojamento das pessoas em situação de sem-abrigo, recordando que o processo teve início com as 56 que se encontravam a pernoitar junto da Igreja dos Anjos, em Arroios.

"Neste projeto, que não é só de arquitetura e da engenharia, é também um projeto social para toda esta zona", disse, lembrando que há uma semana foram retiradas 17 tendas de pessoas em situação de sem-abrigo que se encontravam no Regueirão dos Anjos dando-lhes uma solução de habitação.

"Pessoalmente falámos com cada um, estamos aqui a falar de muitas pessoas que infelizmente nem sequer documentos têm porque chegam de fora. Todos foram levados para pensões e "hostels", a Câmara Municipal está a pagar e nós pagaremos aquilo que for necessário", afirmou.

Para Carlos Moedas, as pessoas "não podem não ter teto", reiterando ser esse um dos seus objetivos enquanto presidente de câmara.

"Eu não digo qual é o endereço, porque acho que isso é uma privacidade das pessoas, mas posso dizer, com os contactos que tenho, há uns que já encontraram emprego, já conseguimos encontrar emprego para muitos e estamos a encontrar soluções", afirmou.

Agora, de acordo com o autarca, restam "duas tendas" na Avenida Almirante Reis.

"Estamos a trabalhar com essas pessoas porque nós não retiramos as tendas sem falar com as pessoas sem ter uma alternativa, as pessoas têm que ter um teto. Portanto, eu penso que é uma grande mudança em toda esta área e é muito importante para a cidade e, portanto, foi isso que estivemos aqui hoje a apresentar", sublinhou.

A Câmara de Lisboa aprovou em 20 de novembro a criação de uma resposta de acolhimento integrada para as pessoas em situação de sem-abrigo que pernoitavam junto à Igreja dos Anjos, assegurando cuidados básicos como higiene, alimentação, saúde e apoio na regularização.

A proposta foi apresentada pela vereadora única do BE, Beatriz Gomes Dias, na reunião privada do executivo municipal e foi viabilizada com os votos contra da liderança de PSD/CDS-PP (que governa sem maioria absoluta) e os votos a favor dos restantes, nomeadamente PS, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PCP, Livre e BE, segundo informou à Lusa fonte da câmara.

O documento determina a criação de uma resposta de acolhimento integrada para as pessoas em situação de sem-abrigo que pernoitavam junto à Igreja dos Anjos, na freguesia lisboeta de Arroios, que será "desenvolvida pela Equipa de Missão para as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, que tem esta competência, e não pela Polícia Municipal que não tem essas atribuições".

Outra das deliberações é que as ações da Câmara Municipal de Lisboa que impliquem a deslocação ou retirada de pessoas a pernoitar nas ruas só podem ser feitas com o conhecimento prévio da pessoa afetada, com uma solução de acolhimento adequada a cada caso concreto, com o parecer do gestor de caso da equipa técnica de rua e acompanhadas presencialmente do assistente social e representante do departamento dos Direitos Sociais / Equipa de Missão para as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.

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  • Anastácio Lopes
    27 nov, 2024 Lisboa 09:17
    É conveniente recordar este político, que toma estas decisões, que tem, entre outros, o PRINCÍPIO DA IGUALDADE DE TRATAMENTO PARA RESPEITAR, pois não é legal nem admissível tanta preocupação com a zona dos Anjos e nenhuma com todas as outras zonas da cidade onde sobrevivem os sem abrigo da cidade, porque ao tomar decisões incoerentes de zona para zona, será que está a sugerir aos sem abrigo de Lisboa, que passem todos a concentrarem-se nos Anjos para terem semelhante apoio da CML? Recordo ainda este político que o direito à habitação é um direito constitucional que tem para respeitar e a sua Administração, e que por isso, tem o dever de implementar mais e maior investimento na construção de habitações sociais para dar a resposta que nunca deu até hoje, à carência de habitação na cidade, nem que seja para que os jovens que abandonam a cidade por falta dessa habitação, possam ter o seu refúgio para se manterem na cidade e não abandoná-la por falta dessa mesma habitação, o que a juntar a restos de habitações a caírem de podres, que aguardam, apenas e só a sua derrocada, como acontece na Quinta do Ferro, Bairro da Serafina e Bairro da Liberdade, onde nem àgua potável existe, para dar aos bairros mencionados, a dignidade habitacional que nunca tiveram e que até hoje têm todos sido abandonados e esquecidos por este político que lhes soube pedir o voto quando dele necessitou, para agora os manter abandonados e entregues a si próprios nada fazendo, do que pode e deve assumir.

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