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Orçamento Municipal Lisboa

PS inclinado a viabilizar quarto orçamento de Moedas

27 nov, 2024 - 08:00 • Tomás Anjinho Chagas

Socialistas estão irritados com postura do atual autarca mas assumem que "será difícil" chumbar o último orçamento municipal de Lisboa. A culpa? "Estratégia de vitimização" de Carlos Moedas em ano de eleições autárquicas. Abstenção é o caminho mais provável.

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Todos desdenham, ninguém o quer aprovar. Mas difícil é chumbar e o PS deve mesmo acabar por viabilizar o Orçamento Municipal de Lisboa para 2025.

Em contrarrelógio para a votação do documento - que deve decorrer entre o final deste mês e o início de dezembro -, os socialistas ouvidos pela Renascença mostram-se irritados com a postura de Carlos Moedas, mas assumem que "será difícil" chumbar o documento e dar essa carta ao atual presidente da Câmara de Lisboa.

"O grau de basófia é tão grande que dá vontade de chumbar", ironiza um dos dirigentes do PS à Renascença.

O calendário dificulta qualquer movimento da oposição, que procura afirmar-se como alternativa e não quer ficar na pele de irresponsável. "Já lhe viabilizámos três orçamentos, agora vamos ver", sublinha outro socialista.

O PS tem "muitas dúvidas" sobre os números apresentados no documento: "Está cheio de números que têm pouca credibilidade, o papel resiste a tudo, a realidade é que não", diz a mesma fonte, que suspeita que as receitas estão sobrestimadas e as despesas subestimadas no orçamento municipal desenhado pela coligação Novos Tempos.

"Vitimização" de Moedas é obstáculo

Todos os socialistas ouvidos pela Renascença asseguram que a decisão sobre o sentido de voto ainda não está tomada: "Estamos a avaliar", repetem, mas no núcleo do PS em Lisboa assume-se que será difícil politicamente contornar as consequências de chumbar um orçamento municipal quando as autárquicas estão já ao virar da esquina.

"Não era muito fácil chumbar, não lhe vou mentir", assume outro socialista. A principal dificuldade prende-se com a forma como o atual presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, se defende e responsabiliza os outros partidos.

Uma outra fonte aponta para o mesmo caminho, e junta contexto: "Penso que não há interesse em chumbar, seria colaborar com a estratégia de vitimização do presidente da Câmara, seria fazer-lhe um favor e não oposição", resume.

E por isso, supõe-se que a abstenção será o sentido de voto dos socialistas, viabilizando assim o quarto e último orçamento municipal do mandato de Carlos Moedas.

Numa entrevista recente à Renascença e ao Jornal Público, Carlos Moedas acusou a "extrema-esquerda" de olhar como "um negócio" para os sem-abrigo e afirmou que o PS "pensa que é o dono disto tudo" quando confrontado com o número de casas entregue pelo atual executivo lisboeta. Além disso, afirmou que os socialistas não "admitem as derrotas eleitorais".

Este tipo de estratégia, de um ataque proativo à oposição (e com o PS como saco de boxe preferido) deixa os socialistas de mãos atadas para ter posições mais duras, com medo do impacto eleitoral que elas possam ter.

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