27 nov, 2024 - 18:47 • Filipa Ribeiro
Na penúltima reunião para a votação na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), o Parlamento rejeitou e chumbou a proposta do Bloco de Esquerda para que a privatização da TAP fosse discutida na Assembleia da República.
Esta quarta-feira, o PSD, CDS-PP e IL votaram contra a proposta do BE e o PS e PCP abstiveram-se, acabando esta por ser chumbada.
Também a proposta do PAN, que queria um "debate público participado" sobre o futuro da TAP que defendia uma consulta pública sobre a reprivatização da companhia aérea, foi chumbada com votos contra do PSD, CDS-PP, IL e PCP e abstenção do PS e BE.
Ainda no setor da aviação, o Parlamento aprovou a proposta do Livre que pede um novo estudo de impacto ambiental ao futuro aeroporto de Alcochete, uma proposta defendida pelo PAN e que foi aprovada com votos a favor da esquerda, voto contra da AD e abstenção da IL.
No campo dos transportes, nos comboios, foi aprovada a proposta do Partido Comunista que obrigada o Governo a retomar, no próximo ano, a parceria com a espanhola RENFE através de apoio à CP para que sejam retomada a viagem noturna para Madrid e Hendaia, que existiam até 2020. O PCP lembra que o país, nos últimos quatro anos, manteve apenas a ligação com Vigo, a partir da cidade do Porto. Na proposta, que passou com voto contra da AD e abstenção da IL e do Chega, é ainda defendido um estudo para a possibilidade de o serviço noturno ser alargado a ligações com Barcelona.
Nas estradas, o PS viu ser viabilizada a proposta que define que o Governo da AD tem que continuar os investimentos previstos no plano nacional de infraestruturas e no PRR aprovados pelo Partido Socialista. Em causa estão objetivos já definidos no orçamento em vigor, como a ligação de São Brás de Alportel à A22 e a requalificação do IC8.
E na Grande Lisboa para os que têm de fazer diariamente a A5, que liga a capital à a cidade a Cascais, vai ser estudada pelo Governo uma via para transportes coletivos, ou seja uma faixa Bus. A proposta do PAN foi aprovada com abstenções da AD e votos contra do Chega e da IL. A proposta define que devem ser feitos estudos em colaboração com a Infraestruturas Portugal e com os municípios por onde passa a autoestrada.
Ainda sobre rodas, foi aprovada a proposta do Bloco de Esquerda que pede a conclusão do IC3 para a construção da nova ponte sobre o Tejo entre a Chamusca e a Golegã.
O Ensino Superior foi outras das áreas que mais viu propostas viabilizadas. Desde logo a possibilidade de parcerias público privadas (PPP) para a construção de novas residências universitárias - uma proposta do PSD e CDS-PP que permite contratos com promotores e entidades privadas para "disponibilizar alojamento a preços acessíveis para estudantes". A proposta passou na especialidade com a abstenção do PS e do PAN, os votos a favor da direita e votos contra do Livre, PCP e BE.
De acordo com a proposta estas construções serão oferta para os estudantes deslocados com os mesmos preços das residências da rede pública.
Ainda sobre o alojamento para estudantes, o Livre viu ser aprovada a proposta que obriga o Governo a identificar o património imobiliário público para converter em residências estudantis. Recebeu apenas uma abstenção, do Chega. Por outro lado, a proposta do PS para que o edifício do antigo Ministério da Educação, na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, fosse transformado numa residência para estudantes foi chumbada com votos contra do Chega, PSD e CDS.
No próximo Orçamento do Estado, o Governo terá ainda que trabalhar na adaptação das residências universitárias para pessoas com deficiência - uma proposta do PAN aprovada por unanimidade.
Também no próximo ano o executivo vai ter que abrir novas vagas para a contratação de investigadores para os laboratórios do Estado. Foi aprovada a proposta do Bloco de Esquerda que defende a contratação de investigadores de forma permanente da Carreira de investigação e ainda outra proposta do Bloco para que sejam abertos concursos par aa carreira científica nos primeiros três meses de 2025.
Cerca de quatro horas depois de votação e já em fase de encerramento, o Partido Socialista pediu para mudar o sentido de voto na proposta da Iniciativa Liberal que define que a divulgação da atribuição de bolsas no Ensino Superior deve ser feita antes da abertura do Concurso Nacional de Acesso. A medida foi mais uma das anotadas pelo ministro das Finanças para ser aplicada já em 2025. Inicialmente, o PS tinha optado pela abstenção, mas acabou por pedir para que o seu voto passasse a ser um voto a favor para que a medida passasse.
Também sobre as bolsas, o Governo deve avaliar no próximo ano o alargamento das medidas de ação social escolar aos alunos do privado. Uma proposta do PSD e CDS que foi aprovada com o apoio dos partidos de direita e a rejeição do PS, Livre, PCP e BE. A proposta define que o executivo deve “estudar a possibilidade de estender medidas de ação social escolar da responsabilidade do Ministério da Educação e dos municípios aos alunos que frequentam o ensino particular e cooperativo”.
Para os jovens foi ainda aprovada o alargamento da renda máxima do programa "Porta 65", que deverá ser atualizada em 2,16% por tipologia. De acordo com proposta do PAN, o valor será atualizado no prazo de 30 dias após a publicação do OE.
Nas alterações à última da hora, também a AD mudou de contra para a favor o voto na proposta da IL que obriga o Governo a realizar até ao final do próximo ano um estudo sobre o alargamento das licenças de parentalidade. A IL pede que se garanta a diminuição das discriminações de género no mercado de trabalho e a AD quis aprovar.
Na área da Saúde foram aprovadas a proposta do Chega para a implementação de um programa nacional de rastreio ao cancro do pulmão e da AD para que o SNS fala rastreios oculares em 2025.
O Chega viu ainda viabilizado o alargamento da rede de cuidados paliativos com urgência numa proposta que pede a construção de novas unidades e a criação de novas equipas de cuidados paliativos domiciliários.
Foi também aprovada, esta quarta-feira, a proposta do Chega para a implementação de um novo modelo de inventivo à dispensa de medicamentos genéricos de forma a aumentar a quota deste medicamentos no mercado. Ainda sobre os medicamento genéricos passou também a proposta da AD para um reforço das medidas de incentivo ao uso em ambulatório destes fármacos para que a quota de mercado aumente pelo menos para 55%.
Sobre a endometriose e adenomiose, o Parlamento aprovou a proposta do PAN para a criação de um regime de comparticipação dos medicamentos para o tratamento e alívio de sintomas da doença prescritos no Serviço Nacional de Saúde.
Foi ainda aprovada uma proposta de alteração do Livre para que seja feito um estudo nacional sobre o impacto da menopausa e andropausa, que deve ser realizado num prazo máximo de 18 meses.
Depois de o trabalho iniciado pelo Governo de António Costa, o PS queria que o Fundo ambiental continuasse a apoiar a substituição das janelas não-eficientes por janelas eficientes. O Governo já tinha anunciado a substituição deste programa por outro plano, mas os socialistas levaram a medida à especialidade. Acabou por ser chumbado com votos contra do Chega, do PSD e do CDS.
Sobre a corrupção que todos dizem querer combater, foi aprovada a proposta do Livre para que o Governo de Luís Montenegro trabalhe e aprove no próximo ano um novo ciclo da estratégia nacional anticorrupção. A proposta pede objetivos e medidas específicas e obriga a definição de um calendário e prazos de execução com relatórios anuais.
No saco das propostas rejeitadas está ainda a do PAN que queria acabar com os apoios públicos à tauromaquia. PSD, CDS-PP e PCP votaram contra e o PS optou pela abstenção.
No terceiro dia de votações foram aprovadas 74 propostas.