29 nov, 2024 - 14:41
O presidente eleito do Conselho Europeu destacou hoje o "sentido de urgência" para apostar na prosperidade económica da União Europeia (UE), defendendo "ação coletiva" entre os líderes e "trabalho de equipa" com outras instituições, como a Comissão Europeia.
"Depois de ter falado com os dirigentes europeus que visitei ao longo das últimas semanas, sinto-me confiante graças ao seu sentido de urgência e, sobretudo, ao facto de todos porem a tónica numa ação coletiva inspirada na criatividade e norteada pelo pragmatismo", afirmou António Costa.
Falando na cerimónia de passagem de testemunho do atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em Bruxelas, o ex-primeiro-ministro português exortou: "Neste caminho, cabe-nos a nós, instituições e Estados-membros, tomar decisões".
"Temos de completar o mercado único, reduzir a burocracia, investir nas competências e na inovação e utilizar os desafios no domínio da defesa e energia como motores para impulsionar a competitividade", enumerou.
Com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a assistir à cerimónia, António Costa defendeu que "preservar e reforçar o legado da União Europeia é um trabalho de equipa", sendo que, apesar de representarem instituições diferentes, esta é "uma única União Europeia".
António Costa declarou também que há uma "urgência geopolítica" em cumprir o alargamento da União Europeia (UE) e pediu que seja concretizado "sem prazos artificiais" e "obstáculos indevidos".
António Costa disse que há uma "urgência geopolítica tem de se refletir no alargamento" do bloco comunitário a outros países.
"O alargamento é um poderoso instrumento de paz, de segurança e de prosperidade. Usemos, portanto esse instrumento! Tanto a UE como os países candidatos têm de trabalhar mais e mais depressa. Sem prazos artificiais, mas também sem obstáculos indevidos", completou o presidente eleito do Conselho Europeu.
O ex-primeiro-ministro de Portugal considerou que o alargamento "reforçará indubitavelmente" a União Europeia.
No entanto, "a paz, segurança e a resiliência" não são apenas questões do bloco comunitário e a UE tem de olhar para todo o planeta, excluindo conceitos que para António Costa estão desatualizados.
"Vivemos num mundo multipolar, com sete continentes diferentes e cento e noventa e dois países. Temos de os implicar, tecendo em conjunto uma rede mundial. Ao fazê-lo, devemos pôr de lado conceitos como o "sul global" ou o "norte global". A ação externa da UE tem de reconhecer que tanto o sul como o norte são, na realidade, plurais", advogou.
António Costa sustentou que a União Europeia tem de "defender causa mundiais", apresentando três exemplos: resolver "os desafios" e aproveitar as "oportunidades dos oceanos"; "reformar a arquitetura financeira mundial, a fim de a tornar mais equitativa, justa e reativa"; defender o "desenvolvimento sustentável a nível mundial", principalmente no sul.
No domingo, o antigo primeiro-ministro, António Costa, inicia funções como presidente do Conselho Europeu, a instituição composta pelos chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE), que define as orientações e prioridades políticas comunitárias.
É o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.
António Costa, que fez parte do Conselho Europeu em representação de Portugal durante oito anos (período em que foi primeiro-ministro), conhece já alguns dos líderes da UE, mas pretende, no seu mandato de dois anos e meio, encontrar pontos de convergência para compromissos entre os 27 e tornar a instituição mais eficaz.
Antes de iniciar funções, realizou no verão e início do outono um roteiro por 25 capitais europeias para se encontrar presencialmente com os chefes de Governo e de Estado da UE para conhecer melhor as suas perspetivas e prioridades para o próximo ciclo institucional no espaço comunitário. Só não visitou a Bulgária e a Roménia por estarem em períodos eleitorais.
Sucede no cargo ao belga Charles Michel, em funções desde 2019 e que termina o mandato a 30 de novembro de 2024, num período marcado por crises como a saída do Reino Unido da União Europeia, a pandemia de covid-19, a invasão russa da Ucrânia e, mais recentemente, o reacender das tensões no Médio Oriente.