Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Raimundo diz que PCP não fez “tudo ao seu alcance” para diminuir “perceções erradas”

01 dez, 2024 - 08:35 • Lusa

“Generalizou-se a ideia de que o PCP é pela guerra e, como se não bastasse isso, ainda é apoiante do Putin e outras abstrusidades desse tipo”, diz o secretário-geral dos comunistas.

A+ / A-

O secretário-geral do PCP afirmou que o partido não fez “tudo ao seu alcance” para diminuir “perceções erradas” que existem sobre os seus posicionamentos a nível internacional e prometeu procurar encontrar novas formulações para as mitigar.

Em entrevista à agência Lusa a propósito do XXII Congresso do PCP, que se realiza entre 13 e 15 de dezembro em Almada, Paulo Raimundo afirmou que o partido “não enfia a cabeça na areia” e reconhece que “não fez tudo bem” nas eleições que disputou no último ano, em que, com exceção das regionais na Madeira de setembro de 2023 e das dos Açores de fevereiro de 2024, o PCP perdeu sempre eleitores.

No entanto, o dirigente comunista considerou que também “seria injusto atribuir apenas ao PCP a responsabilidade” pelos resultados eleitorais, perguntando o que é mudou na postura do partido que explique que tenha conseguido aumentar o seu eleitorado na Madeira e nos Açores, mas não o tenha feito nas legislativas e nas europeias.

“Foi por causa dos candidatos? Acho que não, acho que os nossos candidatos ao Parlamento Europeu e à Assembleia da República (…) não ficam atrás de nenhum dos outros partidos desse ponto de vista. É por causa do nosso projeto? Ou é a perceção?”, perguntou, considerando que “há aspetos de perceção sobre o PCP que não ajudam”.

“E também é justo sublinhar que talvez nós não tenhamos feito tudo ao nosso alcance para diminuir essa perceção que eu acho que é errada sobre o PCP”, admitiu, frisando que o partido precisa de “encontrar as formulações e as formas de não contribuir para aumentar essa perceção errada”.

Instado a esclarecer quais são essas perceções, Raimundo salientou que, por exemplo, “generalizou-se a ideia de que o PCP é pela guerra e, como se não bastasse isso, ainda é apoiante do Putin e outras abstrusidades desse tipo”.

“Isso é uma perceção que não tem nenhuma razão de ser, pelo contrário. Aliás, se há partido que é pela paz, desde sempre, é o PCP”, afirmou, garantindo que o partido vai fazer “tudo o que estiver ao seu alcance para não alimentar essa perceção errada”.

“Às vezes são pequenas coisas e temos de fazer melhor, não tenho dúvida”, afirmou, reconhecendo também que “há desafios novos aos quais é preciso dar respostas novas”, o que o PCP ainda não conseguiu fazer.

“Mas eu acho que não se devia menosprezar a dimensão da ofensiva” de que o PCP é alvo, disse.

Sobre a posição do PCP relativamente à guerra na Ucrânia, Raimundo foi questionado se considera que a paz deve passar pela perda de território ucraniano para além da Crimeia, respondendo que “a paz só de pode fazer juntando à mesa aqueles que intervêm na guerra”.

“À cabeça: a Rússia, os Estados Unidos, a NATO, a União Europeia e a Ucrânia”, disse, afirmando que não sabe qual deve ser o conteúdo de uma “solução política” para esse conflito.

“A única coisa que sei é que é a única solução que se impõe e já devia ter sido. Porque nós podemos chegar a uma situação em que (…) depois de milhares e milhares de mortos e de feridos, de regiões totalmente destruídas, a solução que se encontra é aquela que se poderia ter encontrado sem um único tiro dado neste conflito. Isso é que seria ter desperdiçado meios, recursos e, acima de tudo, vidas humanas”, disse.

Interrogado se acha que a eleição de Donald Trump - que prometeu acabar com o conflito em 24 horas - pode ser benéfica para o fim da guerra, Paulo Raimundo respondeu: “Acho que a eleição de Trump não é benéfica para nada”.

“E acho que nos deve fazer pensar a todos, porque ele é eleito a partir do quê? Do discurso fácil, da mentira, de um projeto profundamente reacionário. Mas isso só ganha força porquê? Porque há um conjunto de problemas do ponto de vista social e económico que não tiveram resposta e ganham respaldo naquele discurso. E isso é um aviso”, disse.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Anastácio José Marti
    02 dez, 2024 Lisboa 11:50
    O PCP nem metade do que deveria ter feito assumiu até hoje, como exemplos disso afirmo os seguintes: 1 - Simultaneamente à paragem da redução dos vencimentos dos políticos, porque não pararem com os descontos injustos e imorais nos Subsídios de Férias e de Natal dos trabalhadores? Alguém se lembra de algo que o PCP fizesse ou sugerisse para não ser, como sempre o foi e será cúmplice destas vergonhas nacionais? 2 - Tendo obrigação de saberem que os aumentos anuais ou outros, na base da percentagem, em nada contribuem para a redução da pobreza, para quando a proposta do PCP de atribuir-se maiores aumentos a quem menos ganha e menores a quem mais ganha? Lembram-se de alguma proposta do PCP nesse sentido? 3 - Num país que permite a todo e qualquer PSP com 55 anos de idade aposentar-se sem ser penalizado, simultaneamente, impede todo e qualquer DEFICIENTE de se aposentar sem penalização se não detiver há pelo menos 15 anos uma incapacidade de 80%, o que além de injusto é imoral, desumano e intelectualmente desonesto. Alguém sabe de algo assumido pelo PCP para não ser corresponsável para com esta vergonha nacional? 4 - Num país que permite aos políticos ao fim de 2 mandatos usufruírem de reformas vitalícias milionárias, simultaneamente nem ao fim de 40 anos de trabalho permite a quem trabalha reformar-se sem penalização, aumentando-lhes todos os anos a idade da reforma o que implica que quem se reforma cada vez leve menos dinheiro na reforma. Alguém sabe de alguma iniciativa do PCP

Destaques V+