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ANÁLISE

Marcelo e o horror à impopularidade

02 dez, 2024 - 10:07 • Susana Madureira Martins

No seu horror de não ser publicamente aceite, Marcelo dá aqui um impulso a Ventura, sendo certo que neste caso não se está a dar mais a ninguém, simplesmente há uma reposição de um corte que é feita quando praticamente todos os cortes da Troika ou pré-Troika foram sendo repostos.

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Este sábado, o Presidente da República veio dar impulso e conforto à posição do Chega de André Ventura alinhando no discurso contra a reposição imediata do corte de 5% dos vencimentos dos titulares de cargos políticos, defendendo que apenas se deveria aplicar aos mandatos futuros.

Para além de ter alinhado com um perigoso discurso anti-políticos, Marcelo Rebelo de Sousa veio, sobretudo, dar conforto a si próprio, porque é popular ser contra esta reposição, fazendo de si próprio modelo exemplar, alguém que até já na sua “cabeça já tinha abdicado” e “não fazia tensões de, no próximo ano e três meses, contar" com esse acréscimo salarial.

Fica mal ao Presidente da República vir colocar-se em bicos dos pés e dizer que, no seu caso pessoal, já tinha abdicado, fazendo de todo o resto dos titulares de cargos políticos um bando de interesseiros a legislar em proveito próprio.

No seu horror de não ser publicamente aceite, Marcelo dá aqui um impulso a Ventura, sendo certo que, neste caso, não se está a dar mais a ninguém, simplesmente há uma reposição de um corte que é feita quando praticamente todos os cortes da Troika ou pré-Troika foram sendo revertidos.

É preciso salientar sempre que os titulares de cargos políticos não ganham salários demasiado altos para a responsabilidade que lhes é pedida. Se são mal pagos não nos podemos queixar que a qualidade dos titulares de cargos políticos possa ser baixa.

A captação dos melhores recursos sem uma boa remuneração é sempre difícil e se isto é válido para uma empresa, é fácil concluir que não é diferente para a gestão pública e política. Concluir diferente só fomenta o pequeno ódio contra os políticos.

E, sim, se o Presidente da República discorda da reposição de 5% do vencimento dos titulares dos cargos políticos devia ter dito mais cedo, Ventura nisso tem razão. A magistratura de influência existe para ser usada. E escusava de ser desafiado pelo líder do Chega a enviar o diploma ao Tribunal Constitucional. Agora, tem de promulgar com recados que só darão ainda mais conforto a Ventura.

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