03 dez, 2024 - 18:42 • Tomás Anjinho Chagas
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acredita que o protesto dos bombeiros em frente à sede do Governo, que marcou esta terça-feira, podia ter sido feito de outra forma, mas considera que as razões que levaram estes profissionais a manifestar-se são justas.
Em declarações à Renascença, o líder comunista vinca que o mais importante "não é a forma, é o conteúdo" e aproveita para criticar o protesto realizado pelo Chega na semana passada, que obrigou os bombeiros a ir ao Parlamento retirar tarjas da fachada.
"É importante valorizar carreiras, aumentar salários, valorizar quem trabalha e não pôr os bombeiros a fazer figuras em palhaçadas como a que aconteceu na semana passada. Foram chamados para nada. escusavam de ter sido gozados daquela forma", atira o secretário-geral do PCP.
Paulo Raimundo reconhece que o facto de a manifestação não ter sido comunicada à polícia, ter sido utilizada pirotecnia e de os bombeiros terem furado os cordões policiais não é a melhor forma de organizar este protesto: "Se fosse eu que estivesse à frente, talvez as formas não fossem aquelas", resume.
No entanto, o líder comunista vira a agulha para as causas que levaram os bombeiros a protestar à frente da sede do Governo, em Lisboa: "Temos de nos concentrar é nos conteúdos, porque é a eles que temos de dar resposta, e não a pretexto das formas não dar resposta aos conteúdos", afirma Paulo Raimundo.
Já sobre a posição favorável de Portugal à adesão da Ucrânia à NATO, expressada esta segunda-feira pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o líder do PCP critica que se esteja a colocar em cima da mesa uma das questões que provocou a invasão russa.
"Um dos pretextos desta guerra foi precisamente a adesão [da Ucrânia] à NATO", responde imediatamente Paulo Raimundo. A vontade de aderir à Aliança Atlântica foi expressa novamente esta semana pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que referiu que podia ser uma das exigências para uma resolução "negociada" da guerra.
Para o PCP, a solução passa por sentar todos à mesa: "Não se pode invocar o pretexto para o início da guerra para acabar com a guerra. O que é preciso é sentar os intervenientes da guerra — Rússia, Estados Unidos, União Europeia e a Ucrânia — para encontrar os caminhos para a paz", afirma Paulo Raimundo.
Paulo Raimundo critica a forma "leviana" como a discussão está a ser feita e considera que falar da adesão da Ucrânia à NATO é "contribuir para a escalada da guerra". E finaliza: "Acho que não é por aí que a gente lá vai".