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Casa Comum

"Multiplicação de sindicatos faz com que maioria não seja representativa", diz Duarte Pacheco

04 dez, 2024 - 19:19 • José Pedro Frazão

No dia seguinte à manifestação dos Sapadores em Lisboa, Mariana Vieira da Silva e Duarte Pacheco debateram as formas mais violentas de protesto de diversas classes profissionais. Foi o tema forte do programa “Casa Comum” da Renascença.

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Radicalismo nas ruas e no Parlamento e o arranque de Costa em Bruxelas
Radicalismo nas ruas e no Parlamento e o arranque de Costa em Bruxelas

A socialista Mariana Vieira da Silva elogia a opção do Governo por não negociar com os bombeiros sapadores num contexto de manifestação violenta. A antiga ministra da Presidência defende que é possível ouvir também as estruturas não-sindicais, desde que não haja violência, apesar da prioridade a dar à audição dos sindicatos.

“Devemos valorizar a representação institucional dos sindicatos, não rejeitando completamente a audição destes movimentos, a não ser em momentos em que a violência sai de todos os limites”, afirma a deputada do PS no programa “Casa Comum”, da Renascença, questionada sobre a resposta das instituições quando confrontadas com protestos não enquadrados pela lei ou pelas entidades de representação sindical dos trabalhadores.

Vieira da Silva considera que o Governo fez bem ao suspender as reuniões “mesmo apesar de conter alguma injustiça, porque os sindicatos não tinham organizado aquelas manifestações”. A dirigente socialista sublinha que a manifestação não foi comunicada à PSP - “nenhuma das regras normais foi cumprida” – depois de ter acontecido um protesto semelhante junto à Assembleia da República.

“Esse é um mundo novo que exige uma grande consistência de resposta dos restantes partidos, o que nem sempre aconteceu nos últimos anos”, observa a antiga ministra lembrando elogios públicos a várias “formas criativas de protesto”.

Ao lembrar audiências concedidas no Parlamento a “movimentos que não cumpriram as regras de manifestação”, Mariana Vieira da Silva considera que partidos como o CHEGA estão a participar no processo democrático “de uma forma que não é institucional”. Sobre esse processo, a dirigente socialista fala na necessidade de “uma grande inteligência, uma grande calma, que nem sempre é fácil” para “não premiar” o discurso e a prática destas organizações.

“Todos devem ser recebidos”

O social-democrata Duarte Pacheco sugere uma reflexão sobre a falta de representatividade de muitos sindicatos que deve partir das próprias organizações de trabalhadores.

“A multiplicação de sindicatos, com direitos para os trabalhadores por terem funções sindicais, faz com que a maioria deles hoje não sejam representativos de ninguém, a não ser praticamente do grupo que está dentro da direção”, exemplifica o antigo deputado do PSD, que defende que “tudo tem que ser repensado” mais por alteração de comportamentos do que por intervenção legislativa.

Sublinhando que o Governo fez bem em interromper o diálogo nesse contexto de violência, Duarte Pacheco defende que os responsáveis políticos “devem receber todos, independentemente do seu grau de organização”, evitando o discurso do ódio e da violência.

O militante social-democrata insiste que o problema está na falta de resposta das instituições sindicais “que continuam a tratar os assuntos como tratavam no século XX, para já não ir ao século XIX”, por contraste com a vontade de muitos trabalhadores “que têm hoje outra pressa em ver os seus assuntos resolvidos e defendidos”. São essas as razões para, na opinião de Duarte Pacheco, os trabalhadores não se reverem nesse tipo de sindicatos e “irem também atrás de líderes muitas vezes populistas”.

A juntar a esta equação, o antigo deputado social-democrata sustenta que as redes sociais “incentivam a violência na manifestação das ideias”, levando á constituição de “movimentos sobretudo inorgânicos, por isso muito mais difíceis de gerir e que radicalizam muito as suas posições”, o que, para Duarte Pacheco, “é negativo para a sociedade”.

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  • António Candeias
    08 dez, 2024 Leiria 12:44
    Duarte Pacheco e o PPD,PS,CDS e restantes partidos representam a maioria? Mem o P.R. Marcelo representa a maioria quanto mais os partidos políticos, vai dar banho ao cão?
  • EU
    04 dez, 2024 PORTUGAL 21:25
    Todo CIDADÃO tem direito a ter sua inclinação partidária no que à política diz respeito. Esse direito segundo aprendi com POLÍTICOS que já faleceram termina quando o DEVER se impõe. Isto é um professor não pode formar os alunos segundo a sua política. O médico não pode tratar um utente em desigualdade comparado com um outro da sua cor política e por aí fora. Assim sendo qualquer RECLAMAÇÃO ou MANIFESTAÇÃO perde o seu VALOR sempre que no seu MEIO o que conta é a cor política de quem reclama ou se manifesta. Hoje vi um resumo da manifestação dos SAPADORES BOMBEIROS em terras da Capital Portuguesa. NÃO GOSTEI do que vi no meio da manifestação. Não falo dos pneus a arder ou dos petardos pois isso é LÁ com quem tem competência para tal. Refiro-me aos PUNHOS CERRADOS tanto com a mão DIREITA como com a ESQUERDA. Estou como dizia Pinheiro de Azevedo estou a ficar "chateado" cansado de ver TANTA POLITIQUICE no meio destas manifestações e PRINCIPALMENTE quando as mesmas deviam ou deveriam ter acontecido HÁ MAIS TEMPO. Vi um Senhor Presidente da ANBP a reclamar com AFINCO quando anda NESTAS ANDANÇAS há mais de VINTE ANOS. O que andou ELE a fazer durante estes anos? Mas HÁ MAIS como Ele. Nos finais dos anos 70 por possuir carta de PROFISSIONAL PESADOS fui contactado para ser BOMBEIRO AUXILIAR sabendo que o tempo dado LÁ me contaria em percentagem para as DIUTURNIDADES. NÃO ACEITEI muito embora JÁ fosse sócio de uma das Corporações existentes na sede do meu concelho. SAIBAM RECLAMAR.

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