07 dez, 2024 - 20:21 • Alexandre Abrantes Neves, com Lusa
O Presidente da República condecorou este sábado o antigo chefe de Estado Mário Soares, a título póstumo, com o Grande Colar da Ordem de Camões, distinção honorífica que foi entregue aos seus filhos Isabel e João.
Marcelo Rebelo de Sousa entregou esta insígnia aos filhos, Isabel e João Soares, no final da sessão evocativa dos 100 anos do nascimento do antigo Presidente da República, fundador e primeiro líder do PS, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Na perspetiva do atual Presidente da República, a condecoração justifica-se com a forma como "Mário Soares projetou o Portugal democrático no mundo, a nossa língua e a nossa abertura cultural", tal como Camões fez séculos antes.
No seu discurso, que encerrou a sessão, o chefe de Estado considerou que o centenário do nascimento de Mário Soares "é um grande momento democrático" que "contribui para a "unidade dos portugueses".
Tendo a ouvi-lo o antigo Presidente da República Cavaco Silva e o anterior primeiro-ministro e atual presidente do Conselho Europeu, António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o centenário de Mário Soares "não invoca apenas um grande português, não invoca apenas um grande político, um grande lutador, um grande visionário do futuro, um grande construtor do futuro, cria condições únicas para unir os portugueses e unir Portugal".
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "a grande força" de Mário Soares era ser "um homem apaixonado pelas suas causas".
"Mário Soares viveu com paixão a luta contra a ditadura, viveu com paixão a revolução, o início da democracia, as derrotas e as vitórias da democracia, sempre pronto para começar, nos momentos mais improváveis, nas idades mais improváveis, nas circunstâncias mais improváveis", disse.
Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou a ocasião para também deixar conselhos para a "defesa da democracia" na atualidade: "é pena não termos acertado mais ou não estarmos a acertar mais". Na perspetiva do Presidente da República, só os sistemas democráticos "têm noção das suas fragilidades" e devem empenhar-se em resolvê-las e proteger-se, tal como Mário Soares fez.
"Estamos a viver um período muito diferente, com novas narrativas que aproveitam as fragilidades dos sistemas políticos, económicos e sociais e que oferecem o paraíso que não é um paraíso democrático. (...) Isto dá-nos para pensar: 'como é que Mário Soares agiria perante esse desafio?'. [Seria] apaixonadamente: teria a noção de que era necessário recomeçar o combate. A liberdade nunca está adquirida, a democracia nunca está adquirida", alertou.
[Notícia atualizada às 21h59]