11 dez, 2024 - 15:04 • Lusa
PSD, PS e Chega protagonizaram esta quarta-feira uma troca de acusações na comissão de Defesa Nacional sobre o tema da igualdade de género, após a apresentação de um voto de congratulação pela primeira mulher major-general nas Forças Armadas.
Num debate que decorreu sem nenhuma deputada mulher presente, a reunião da Comissão de Defesa Nacional debateu hoje um voto de congratulação apresentado pelo Chega pela promoção da primeira mulher oficial ao posto de major-general das Forças Armadas.
Os deputados não discordaram quanto à importância do conteúdo do voto mas trocaram algumas acusações depois de o deputado Nuno Simões de Melo, do Chega, ter apresentado o texto à comissão.
Primeiro, o deputado do PS Luís Dias notou que, ao apresentar este louvor, o Chega assumiu uma "postura diferente" face à "conduta e intervenções" dos deputados deste partido "ao longo dos anos em relação à promoção da igualdade de género e à criação de condições iguais para homens e mulheres dentro das Forças Armadas".
O socialista acusou o Chega de ter "dois pesos e duas medidas", por "atacar a política de promoção da igualdade também nas Forças Armadas" feita pelos últimos governos mas ao mesmo tempo apresentar este texto à comissão.
Por outro lado, o deputado do PSD Bruno Vitorino visou o PS.
O deputado salientou que o conceito de género "evoluiu nos últimos 15 anos em Portugal" e que sexo, identidade de género e autodeterminação de género são conceitos "completamente diferentes" e que "se misturam muito naquilo que é a discussão política", acusando o PS de o fazer de forma propositada e o Chega de "alguma confusão".
Bruno Vitorino salientou que nas Forças Armadas portuguesas têm sido aplicadas apenas medidas de promoção da igualdade de género.
O deputado do Chega Nuno Simões de Melo recusou qualquer confusão de conceitos e sublinhou que o seu partido "sempre defendeu a igualdade do homem e da mulher".
Nuno Simões de Melo realçou que a Força Aérea foi o primeiro ramo a aceitar a mulher nas suas fileiras e, por isso, "no âmbito da igualdade de género, é normal que também sejam os primeiros a ter as mulheres a atingir os postos" de major-general.
"Não tem nada a ver com as diversas políticas de identidade que podem eventualmente vir à cabeça de alguém", atirou.
No final do debate, o presidente da comissão parlamentar de Defesa, o deputado do Chega Pedro Pessanha, alertou para uma eventual "discriminação positiva em favor das mulheres" com este tipo de votos. .
Afirmando que já ouviu "comentários" por parte de "várias pessoas nos três ramos das Forças Armadas" sobre este tema, o presidente da comissão pediu aos deputados "algum cuidado" no tratamento destas matérias.