11 dez, 2024 - 15:29 • Lusa
O Chega pediu esta quarta-feira o adiamento da votação do relatório da audição parlamentar do indigitado para vice-presidente do regulador dos transportes, alegando que o documento entregue, onde conclui que Ricardo Reis "reúne condições" para o cargo, tem erros.
"Chegámos à conclusão que vamos pedir o adiamento [da apreciação do relatório] e vamos alterar substancialmente", anunciou o deputado Filipe Melo, do Chega, na comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação, que tinha como um dos pontos da agenda de trabalhos de hoje a apreciação e votação do relatório da audição de Ricardo Reis, escolhido pelo Governo para o cargo de vice-presidente da AMT.
Na audição da semana passada, o Chega, que ficou encarregue de elaborar o relatório, tinha anunciado que não viabilizaria a escolha do Governo para vogal do Conselho de Administração da AMT.
No relatório que o partido entregou à comissão, a que a Lusa teve acesso, o Chega refere que "o candidato indigitado apresenta não só um excelente curriculum a nível académico, mas também uma visão estratégica relativamente as atividades prosseguidas pela AMT e consciente da importância da defesa do interesse público com eficiência, eficácia e sustentabilidade a todos os níveis, sem qualquer condicionalismo ideológico quanto à propriedade pública ou privada do capital e empresas do setor", e, assim, "reúne as condições para o exercício do cargo para que se encontra indigitado".
"Errar é humano, o Chega admitiu que errou na elaboração deste relatório porque fez "copy paste" de outro documento, [...] errar e não reconhecer é estupidez", afirmou o deputado Filipe Melo, no seguimento da discussão acesa, com várias defesas da honra, que o pedido de adiamento provocou.
O presidente da comissão, o deputado Miguel Santos (PSD), apontou que o "adiamento é uma faculdade que cabe ao relator" e que a apresentação do documento vai ser feita na próxima semana.
Da parte do PSD, o deputado social-democrata Gonçalo Laje considerou que "não se trata de um adiamento", mas sim de uma "alteração substantiva do documento".
"O Chega é isto, andou durante uma semana a fazer "tik toks" a insultar Ricardo Reis, depois apresenta um relatório a gabar, até, todo o currículo de Ricardo Reis, o Chega diz tudo e o seu contrário, agora quer mudar o relatório", acusou o deputado do PS José Carlos Barbosa.
Na audição da semana passada, PSD e CDS elogiaram o currículo de Ricardo Reis e PS e Chega salientaram a falta de experiência no setor.
O deputado Filipe Melo considerou, naquela ocasião, que Ricardo Reis "não servirá" para o cargo, "pelo que o grupo parlamentar do Chega não viabilizará o nome" apontado pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.
O Chega considerou que o currículo não se adequa às funções que se propõe desempenhar e questionou Ricardo Reis se a sua escolha "será um prémio por ter favorecido o PSD em tudo o que era sondagens da Católica", alegação que o indigitado rejeitou, lembrando que a última sondagem daquela instituição antes das eleições europeias apontava que o partido liderado por André Ventura iria eleger quatro eurodeputados, mais dois do que efetivamente veio a acontecer.