15 dez, 2024 - 08:05 • Cristina Nascimento
É um dos rostos da renovação comunista. Inês Guerreiro anda há pelo menos oito anos nas lides comunista. É membro da JCP desde 2016 e agora chegou ao Comité Central.
Ainda andava na escola secundária e já fazia parte da associação de estudantes. Nunca mais deixou de participar ativamente na realidade que a rodeava.
Aos 23 anos é a mais jovem presença no novo Comité Central e à Renascença assegura que não está desanimada com o panorama eleitoral do partido.
Com que espírito é que encara a entrada no Comité Central?
É uma grande responsabilidade, mas deixa-me feliz que que o partido tenha essa confiança em mim. Dá-me confiança também para o futuro, tanto a mim como aos outros camaradas da JCP, que também vão integrar o Comité Central. Teremos a tarefa de garantir a ligação à Juventude, à vida e aos problemas da Juventude.
Já é membro da JCP e depois do PCP há já alguns. Como é que os mais velhos veem os mais novos?
Basta olhar para este congresso para perceber a maneira como os jovens são ouvidos. Nós, no nosso partido, somos todos iguais, desde os mais jovens aos mais velhos. Basta olhar para as intervenções que já foram lidas a partir da realidade concreta, a partir do contributo que os jovens também dão para a construção do congresso, a oportunidade que nós temos, tal e qual, como todos os outros camaradas, de apresentar as nossas propostas, dar as nossas ideias, as nossas opiniões, o nosso contributo também para o reforço do partido. É mesmo uma opinião muito valorizada pelos camaradas.
Como é que a relação de uma jovem que ainda não era nascida no 25 de abril com o PCP, partido que teve uma participação tão relevante na revolução?
Eu acho que os jovens do nosso país não viram o 25 de Abril, mas basta olhar para as comemorações e a forma como encheram as ruas do nosso país no dia 25 de Abril deste ano, para perceber a forma como sentem a Revolução de Abril, as suas conquistas, os direitos que conquistaram.
Eu, enquanto militante da JCP e do PCP, não vivi o 25 de Abril, mas eu vejo de abril todos os dias na intervenção que nós temos quando vamos às escolas, aos locais de trabalho, às faculdades, falar sobre as injustiças que atravessamos e a forma como queremos transformar a realidade, mudar as coisas, cumprir abril.
Aliás, o nosso partido teve uma campanha que se chamou “Abril é mais futuro” e efetivamente não é só um lema, é uma forma de olhar para a nossa revolução, é uma forma de olhar para o nosso país.
Isso, no fundo, dá confiança. Acho que não temos razão nenhuma para estar desanimados e este congresso também nos dá muita confiança para prosseguirmos a luta e para continuarmos.
Em relação ao PCP, o futuro tem partido. O PCP teve um momento em que teve um reforço muito grande, especialmente a nível da juventude, que foi a revolução de abril, porque foi o partido que lutou durante décadas, resistiu e lutou para conseguirmos essa revolução e naturalmente agora vivemos um momento diferente. Não estamos num momento revolucionário e, portanto, não vamos ter o mesmo nível de recrutamentos, mas a luta continua.
Porque é que está no PCP e não está noutro qualquer? O que é o PCP que tem de diferente?
Quando eu fui estudar para para a minha escola secundária a JCP era a única que estava à porta da minha escola, a perguntar quais é que eram os principais problemas e injustiças que nós sentíamos, a perguntar o que é que nós queremos mudar e a apelar aos jovens para nos juntarmos e unirmo-nos para transformar a escola, para tornar a escola melhor, para tornar o nosso país melhor.
Essa é a principal diferença. O PCP, desde o primeiro dia, nunca sai do lado da Juventude, nunca sai do lado dos trabalhadores, nunca perde de vista os seus objetivos.
É isso que o torna diferente. Não somos um partido de personalidades, somos um coletivo partidário, em que todos dão o seu contributo, com confraternidade, com camaradagem, com igualdade e construímos coisas, como a Festa do Avante, fizemos uma revolução no nosso país e todos os dias continuamos essa luta. É um partido de coragem, de alegria, de força... É um partido do nosso povo, é o Partido do Povo.
Onde é que se vê daqui a 10 anos?
Espero que daqui a 10 anos me veja no PCP, mas que me vejo num país e num mundo melhor, mais justo para os meus amigos, para a minha família, mais justo para o meu povo, mais justo para os povos do mundo. É isso que eu espero que aconteça.