16 dez, 2015 - 01:29 • Eunice Lourenço
Manuel Alegre considera que o PS está a cometer um erro nas eleições presidenciais ao não apoiar Maria de Belém.
Num jantar em Lisboa, que juntou cerca de mil pessoas, o antigo deputado, que foi duas vezes candidato a Presidente da República, lembrou que foi o mesmo erro do PS que levou às suas derrotas e a dez anos de Cavaco Silva em Belém.
"É um erro político e é bom que os socialistas não esqueçam os erros do passado que tiveram como consequência dez anos de presidência de Cavaco Silva", afirmou Manuel Alegre, no jantar de apoio a Maria de Belém, onde também estiveram outros antigos dirigentes socialistas como Almeida Santos, Alberto Martins e Jorge Coelho.
O poeta diz que não se conforma com o desinteresse que o PS manifesta pelas eleições presidenciais e considera que é uma estratégia que favorece o candidato Marcelo Rebelo de Sousa. No seu discurso, Alegre salientou também que Maria de Belém é a única candidata que se diz socialista.
A própria candidata, no seu discurso, fez questão de se afirmar "militante socialista" e apresentar a sua folha de anos de serviço político.
"Não vim para a política por um tardio sobressalto cívico", afirmou Maria de Belém, num ataque indirecto a Sampaio da Nóvoa, o outro candidato que também tem apoios entre os dirigentes do PS.
Mas também Marcelo Rebelo de Sousa teve direito a um remoque de Maria de Belém, que se manifestou contra o "intervencionismo hiperactivo" no desempenho das funções presidenciais.
Já em resposta a perguntas dos jornalistas, a candidata lembrou que até defendeu que não houvesse apoio dos partidos a candidatos na primeira volta, mas não deixou de alinhar no discurso de Alegre dos perigos da (não) opção socialista.
"Acho importante que o PS reflicta sobre os perigos que aqui foram apontados por Manuel Alegre relativamente às opções que tenha de vir a tomar", afirmou Maria de Belém.
A antiga presidente do PS também mostrou que não gostou da saída de Manuel Alegre do Conselho de Estado e garante que, com ela em Belém, o poeta voltará a ser conselheiro. "Pode ter a certeza que Manuel Alegre será meu conselheiro de Estado se eu for, como desejo e como é minha convicção, Presidente da República", afirmou em resposta a uma pergunta da Renascença.
Depois de eleito, o novo Presidente poderá escolher cinco novos conselheiros de Estado. Outros cinco nomes são eleitos pelo Parlamento esta sexta-feira e Manuel Alegre, que faz parte daquele Conselho nos últimos anos, não fará parte da lista de candidatos apresentados pelos partidos de esquerda e que será liderada pelo actual presidente e líder parlamentar do PS Carlos César. Alegre terá sido convidado pelo líder socialista, António Costa, para se manter no Conselho de Estado, mas, segundo o "Diário de Notícias", foi desconvidado para que o primeiro lugar da lista seja ocupado por Carlos César.
Questionado sobre este assunto, Manuel Alegre limitou-se a dizer que "é assunto arrumado".