21 dez, 2015 - 23:45 • Raquel Abecasis
A maior parte das medidas de austeridade viola a Constituição e o chefe de Estado não pode ficar de braços cruzados, afirma a candidata presidencial Marisa Matias em entrevista à Renascença.
Questionada sobre como lidaria com um Governo que lhe apresentasse medidas de austeridade, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda promete defender os interesses da população e a Lei Fundamental do país.
“É bom que as pessoas percebam, a maior parte da austeridade é inconstitucional, é incompatível com a Constituição. Enquanto Presidente da República, obviamente, porei o interesse de todos e todos os portugueses e portuguesas , à frente de interesses particulares, independentemente de qual seja o Governo que estiver em funções."
A eurodeputada deixa críticas à actuação do actual Presidente da República, quando Cavaco Silva deixou passar medidas de austeridade.
“Se aparecerem medidas [de austeridade] farei aquilo que o Presidente não fez, porque nós tivemos um Presidente muito interventivo naquilo que não eram áreas do seu respeito, mas em coisas que lhe diziam respeito, nomeadamente, de cada vez que apareciam medidas para cortes de salários, para corte de pensões, para destruição do Serviço Nacional de Saúde e de outros serviços públicos, e aí estamos a falar de competências claras do Presidente da República, ele não se mexeu nem por um minuto.”
Sampaio "foi o melhor Presidente da República que tivemos"
Numa entrevista à Renascença em que falou do Banif, do terrorismo e do que defende para a Presidência da República, Marisa Matias elogia o ex-Presidente Jorge Sampaio. Diz que "foi o melhor Presidente da República que tivemos".
A candidata elogia a presidência de Sampaio no trabalho que fez para "dar voz e pôr em diálogo sectores que são normalmente esquecidos".
De todo o mandato de Sampaio, Marisa Matias destaca o momento em que o ex-Presidente recusou o envio de tropas para a intervenção militar no Iraque e aproveita para sublinhar que, se chegar a Belém, "as tropas portuguesas apenas serão enviadas para missões de paz".
Marisa Matias deixa uma garantia nesta entrevista à Renascença: "Eu não desisto de disputar a segunda volta, terei muito trabalho a fazer para merecer a confiança dos portugueses, mas este é o tempo para as pessoas conhecerem os candidatos".