03 jan, 2016 - 00:03 • Eunice Lourenço
Marisa Matias defendeu este sábado que o Presidente da República não pode andar de “bomba atómica na mão” para a fazer explodir a cada momento.
A candidata presidencial apoiada pelo Bloco de Esquerda referia-se aos poderes presidenciais de demissão do Governo e de dissolução do Parlamento e falava no debate televisivo com o candidato Paulo Morais. Marisa Matias respondia assim à intenção de Paulo Morais de demitir o Governo caso viole promessas eleitorais.
Grande parte do debate entre estes dois candidatos, que decorreu na TVI24, foi dominado pelas questões da corrupção, com Paulo Morais a sugerir que seria possível diminuir em 20% a dívida pública se houvesse combate à corrupção. Marisa Matias alertou, contudo, para o discurso do seu adversário que acusou de “pôr tudo no mesmo saco” e defendeu que os partidos e os políticos não são todos iguais e igualmente corruptos.
Tratado orçamental e "caso Banif"
Noutro debate da noite, entre Edgar Silva e Maria de Belém, a discussão andou à volta do tratado orçamental, com o candidato comunista a tentar colar Maria de Belém às posições do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas sobre as imposições europeias.
A ex-ministra socialista defendeu-se e disse que “o Presidente da República tem de assegurar que os tratados internacionais são cumpridos enquanto não forem revogados”.
No debate que foi transmitido na SIC Notícias, os dois candidatos também discutiram o “caso Banif”. Edgar Silva repetiu que, se fosse Presidente, promulgaria o orçamento rectificativo e Maria de Belém considerou que são necessários mais esclarecimentos sobre o “caso Banif” e que este caso mostrou mais uma vez que a regulação bancária “não tem sido eficaz”. O candidato comunista foi mais longe e considerou a actuação do governador Carlos Costa “lesiva” dos interesses dos contribuintes e do país.
Questionados sobre se apoiarão o outro numa segunda volta, tanto Maria de Belém como Edgar Silva fugiram à resposta clara, dizendo cada qual que espera passar à segunda volta e ter o apoio do outro.
Fundir ou não fundir universidades
O primeiro debate da noite foi entre Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa, que acabaram por trocar algumas acusações mais pessoais sobre o conhecimento ou não que cada um tem do país e da realidade. Henrique Neto acusou Sampaio da Nóvoa de ter uma “linguagem redonda” e um discurso fora da realidade.
“Os portugueses estão cansados de académicos”, afirmou Henrique Neto, que criticou a fusão entre a Universidade de Lisboa e a Universidade Técnica, levada a cabo quando o seu adversário era reitor. Criticas devidas sobretudo a não ter sido feita uma “consolidação dos cursos” e continuar a haver cursos em duplicado.
Ora a fusão das universidades e a gestão de instituições com milhões de euros de orçamento são os argumentos que o ex-reitor usa para dar exemplos do seu conhecimento e capacidade de gerir. Sampaio da Nóvoa diz que é o melhor candidato para “este tempo novo que se está a abrir”.
No debate, que decorreu na RTP1, os dois candidatos foram questionados sobre se se reviam mais na governação de José Sócrates ou de Passos Coelho. Sampaio da Nóvoa respondeu que é sempre mais próximo de “governações à esquerda”. Henrique Neto, que foi muito crítico de Sócrates, embora não tenha chegado a deixar a militância socialista, manifestou compreensão para com o governo de Passos Coelho, acusando-o, contudo, de não ter sabido fazer a mudança para o pós-austeridade.